Argentina e EUA forneceram Napalm para matar Che Guevara
De acordo com documentos desclassificados do governo militar do Brasil (1964-1985), o governo ditatorial argentino de Juan Carlos Onganía (1966-1970) proveu bombas de napalm e outros armamentos ao governo militar da Bolívia para combater a guerrilha comandada pelo argentino-cubano Ernesto Che Guevara.
Publicado 12/08/2013 18:40
Os documentos revelam ainda que o Estado brasileiro monitorava as guerrilhas nos países vizinhos por medo que a atividade se espalhasse pelo Brasil. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo neste domingo (11).
Para os militares brasileiros, a guerrilha boliviana merecia atenção especial por ter integrantes estrangeiros, incluindo cubanos. Ainda assim, os militares duvidaram das informações passadas pelas autoridades bolivianas que relatavam a presença de Ernesto “Che” Guevara atuando em território boliviano com o codinome de Ramón.
Os relatórios secretos de agosto de 1967 mostram que o Brasil não forneceu armas para combater as guerrilhas bolivianas, mas prestou ajuda aos militares do país vizinho. Segundo documentos do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), o governo brasileiro treinou quatro pilotos bolivianos no Rio Grande do Sul para ações específicas de combate aos guerrilheiros. O registro deixa claro que a ajuda não foi uma cooperação oficial entre dois governos, mas uma ação estratégica acertada informalmente
Dados do EMFA revelam ainda que, para acabar com a guerrilha, países estrangeiros, como os Estados Unidos e a Argentina forneceram pelo menos 100 bombas de napalm, de 100 quilos cada uma — o material é o mesmo usado pelos EUA contra o Japão na Segunda Guerra Mundial e contra o Vietnã em nas décadas de 1960-1970.
Che Guevara foi morto em 9 de outubro de 1967 em La Higuera, na Bolívia com o auxílio de "250 fuzis FAL, 200 pistolas calibre 45, 30 mil cartuchos calibre 45, 100 bombas napalm de 100 quilogramas, 50 bombas de 50 quilogramas y 5 mil cartuchos 50".
Os papéis do EMFA mostram que os militares brasileiros se organizaram para usar a estrutura de trabalho dos adidos e diplomatas, organizados — a partir de uma rede oficial de dados sigilosos — para recolher dados confidenciais que poderiam pesar a favor do Brasil no caso de um conflito com algum país vizinho. Os militares brasileiros consideravam a hipótese de uma guerra contra o bloco integrado por Argentina, Uruguai e Paraguai.
Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva, com informações de O Estado de S. Paulo