UBM recebe homenagem no Congresso pelos 25 anos de criação
Em sessão solene, realizada nesta segunda-feira (12), no Senado, parlamentares da Câmara e do Senado homenagearam os 25 anos da União Brasileira de Mulheres (UBM). Vestidas de camisetas comemorativas da data, as militantes e ex-dirigentes da entidade encheram o plenário para acompanhar os discursos que destacaram os anos de lutas e conquistas da entidade. A tônica de todas as falas foi o grande desafio da entidade e do movimento de mulheres em ampliar os espaços de poder das mulheres.
Publicado 12/08/2013 14:45
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que presidiu a sessão, convidou as autoridades para compor a mesa e, após a execução do Hino Nacional, fez seu discurso. Ele destacou a importância da entidade, criada na época da promulgação da Constituição, quando ficou estabelecida a igualdade em direitos e oportunidades entre homens e mulheres.
Ele disse que apesar da Constituição e da luta das mulheres, elas ainda são sub-representadas na política, mesmo sendo maioria do eleitorado; e ganham menos que os homens, mesmo que possuam mesmo nível de instrução e exerçam o mesmo cargo que os homens.
“Temos que avançar e propor medidas até que sejam todos de fato iguais, sem distinção. A UBM tem feito o seu papel de combate diário ao preconceito de gênero que, embora menor, ainda existe na sociedade brasileira”, afirmou o Presidente do Senado.
Ele lembrou ainda que o aniversário da UBM também coincide com os sete anos da Lei Maria da Penha, que representa um marco de que a violência contra a mulher não é mais tolerado no Brasil e os casos existentes serão punidos. Calheiros também destacou a criação da Procuradoria da Mulher no Senado, dirigido pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Trajetória vibrante e aguerrida
Em seu discurso, a coordenadora nacional da UBM, Elza Campos (foto), disse que “a trajetória da UBM é vibrante a aguerrida e entidade vem construindo, ombro a ombro, com o povo brasileiro, a nação e nossas utopias”.
“Por um mundo de igualdade, contra toda opressão” era o que se lia no cartaz em comemoração ao aniversário da UBM. Essa luta foi destacada e reafirmada pela dirigente da entidade, que recebeu a aprovação de suas militantes nos aplausos que se seguiram á sua fala.
“A luta contra todo tipo de opressão tem a marca da UBM, que firma compromisso de continuar lutando por liberdade e direitos”, disse Elza Campos, citando Loreta Valadares, que dizia, na época da criação da UBM, “temos que emergir da invisibilidade e assumir condição de mulheres nas lutas sociais”.
E, em nome de Loreta, ela homenageou todas as dirigentes ubemistas que lutaram ao longo dos 25 anos e prossegue na luta em defesa dos direitos das mulheres e dos trabalhadores rumo a uma sociedade emancipada.
E explicou que o capitalismo e o patriarcado são responsáveis pelas práticas machistas e que, portanto, o processo de emancipação das mulheres deve estar inserido na luta de toda a sociedade justa e de um país democrático e soberano.
Reforma política
A autora do requerimento da sessão solene e Procuradora da Mulher no Senado, Vanessa Grazziotin, em seu discurso, destacou que a UBM procura contribuir com a luta contra a discriminação de gênero e pelo aumento da participação política da mulher. E ressaltou o trabalho de construção de um novo país com a elaboração da Constituição de 1988, que contou com a participação de entidades de mulheres e da bancada do batom. “E de lá para cá tivemos grandes vitórias”, afirmou, citando a Lei Maria da Penha.
Vanessa também defendeu a luta pela reforma política que garanta maior participação das mulheres. Para ela, a reforma política deve ter financiamento público exclusivo de campanha e lista fechada com alternância de gênero. “Para que homens e mulheres, lado a lado, possam construir a nação que queremos”, disse, lembrando que o PCdoB tem muito orgulho de ter a maior presença de mulheres na sua bancada.
Democracia insuficiente
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), coordenadora da bancada feminina na Câmara, foi a primeira falar. E destacou a presença de mulheres de 11 estados na solenidade e que a Bahia foi o “ventre” da nova entidade. Ela lembrou, como primeira dirigente da entidade, que o cartaz de convocação era um castelo em que dizia a princesa acordou e foi participar da Constituinte.
Citando as demais ex-dirigentes da entidade, destacou as conquistas da entidade, mas queixou-se de a representação feminina no Congresso Nacional das mulheres brasileiras ser a menor da América Latina. “A invisibilidade política é fruto de uma democracia insuficiente, por isso a UBM reafirma seu grande desafio que é desfraldar a bandeira da reforma política”, disse.
E, ao encerrar sua fala, Jô citou o poeta francês Paul Éluard, em um poema que marca o exemplo de ação coletiva: “Minha ventura é a nossa ventura/ Meu sol é o nosso sol/Partilhamos a vida entre nós/ Espaço e tempo nos contemplam”.
Homenagens
Após os discursos foram feitos as homenagens. A Procuradoria da Mulher do Senado homenageou a UBM (foto abaixo) que, por sua vez, homenageou as ex-dirigentes da entidade e representantes dos estados. Chamadas para receberem a homenagem, as mulheres posaram para foto oficial do evento ao lado do senador Renan Calheiros.
Fizeram parte da mesa de autoridades, além do Presidente do Senado, a senadora Vanessa, a deputada Jô e a presidenta da UBM, Elza Campos; a secretária-adjunta da SPM, Rosângela Rigo; a secretária da Mulher do DF, Olgamir Amâncio; a representante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), Lúcia Rincom, e a representante da Federação Democrática Internacional das Mulheres (Fedim), Liège Rocha.
De Brasília
Márcia Xavier