Gutman: A Petrobras como indutora do desenvolvimento nacional
Parte 1
A cadeia do Setor Petróleo – conjunto de atividades que viabilizam a produção, refino e distribuição – tem um poder multiplicador que precisa ser considerada nas políticas públicas de geração de emprego.
Por Luís Fernando Gutman*
Publicado 12/08/2013 10:57 | Editado 13/12/2019 03:30
Sendo a Petrobras, há mais de uma década, uma Empresa de Energia, há que considerar também seus projetos de geração de energia elétrica e de desenvolvimento de energias alternativas, renováveis ou complementares.
A lista abaixo exemplifica algumas propostas de atribuições da Petrobras – como Empresa de Energia – que podem ajudar na implantação de políticas públicas para reduzir a pobreza no País e melhorar as condições de atendimento às necessidades básicas da população brasileira e, inclusive, dos países onde atua:
• Apoiar os fornecedores nacionais de bens e equipamentos para o setor energético, aumentando o conteúdo nacional de suas encomendas, induzindo sua capacitação para atendimento nos prazos e qualidades desejados.
• Criar parcerias com empresários nacionais para viabilizar a implantação de unidades de produção de fármacos e produtos químicos.
• Criar parcerias com empresários nacionais para empreendimentos de geração elétrica com fontes renováveis (eólica, PCH, solar).
• Investir em desenvolvimento tecnológico para aumentar a competitividade de placas fotovoltaicas.
• Ter política de preços de derivados ex-refinaria compatível com o combate à inflação e alinhada com as metas de racionalização do uso de derivados de petróleo, seja para cocção, transporte ou eletricidade.
• Garantir preço de fertilizantes no mercado nacional que permitam a expansão da fronteira agrícola, em especial fortalecendo a agricultura familiar.
• Reduzir o preço do óleo diesel para transporte ferroviário ou aquaviário.
A lista de derivados do petróleo pode ser classificada de acordo com sua utilização, conforme é apresentado abaixo, sem se pretender esgotar as possibilidades:
• Combustíveis industriais: óleos combustíveis, diesel, gases (natural ou industrial).
• Combustíveis para Setor Transporte: gasolina, gás natural veicular (GNV), querosene de aviação (QAV), gasolina de aviação, diesel.
• Insumos para Petroquímica: nafta, gás natural.
• Insumos para Fertilizantes: gás natural
• Insumos para Química Fina e Indústria Farmacêutica ou de Cosméticos: derivados aromáticos (Benzeno, Tolueno, Xileno – BTX).
• Outros insumos: solventes, graxas, lubrificantes, parafinas, querosene de Iluminação, asfaltos.
Fica evidenciada a importância da agregação de valor aos derivados de petróleo quando se implantam as unidades de transformação, sejam simples refinarias ou indústrias de 2ª e 3ª gerações, com produção de plásticos, fármacos, cosméticos, fertilizantes e outros produtos químicos, alavancando o PIB industrial.
É importante que a Petrobras, nas suas decisões de negócios, considere sua característica “Estatal”, sem privilegiar os aspectos empresariais, na resolução dos conflitos de interesses entre o sócio majoritário – governo – e os minoritários. Não há razão para questionamentos dos acionistas, pois aos comprarem suas ações sabiam que a Petrobras era, é, e deverá ser uma companhia cuja avaliação não está baseada apenas em variáveis financeiras (geração de caixa, Ebitda, por exemplo), mas subordinada a variáveis de interesse nacional, como economia de divisas, geração de empregos, redução de impactos ambientais, absorção de tecnologia etc.
Luis Fernando Gutman é membro do PCdoB – Rio de Janeiro.