Camponeses de Catatumbo pedem garantias ao governo colombiano

O governo da Colômbia e os camponeses de Catatumbo retomaram a mesa de diálogos nesta sexta-feira (9), e depois de quase dois meses de tensões, após a negligência do governo, as partes conseguiram se reunir para negociar.

Greve Catatumbo

Em um debate realizado no dia anterior, ambos concordaram fazer um cronograma de trabalho para as próximas quatro semanas. Os camponeses exigem, entre outras coisas, a declaração de uma área reserva camponesa.

De acordo com meios de comunicação locais, as conversações se centraram em 16 pontos, sendo que seis deles foram apresentados pelo Executivo. Dentro destes, destaca-se a proposta de um plano piloto para converter Catatumbo em um laboratório de paz, após décadas de abandono governamental.

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Os outros dez pontos são mantidos pelos manifestantes, mesmo depois de três tentativas frustradas de propô-los em diálogo. Os camponeses reclamam a declaração de uma zona de reserva e a substituição gradual dos cultivos ilícitos mediante um plano alternativo. Sobre isso, os trabalhadores demostraram uma preocupação particular por conta da presença de tropas de erradicadores no município de Tibú.

“As violações dos direitos humanos e a crise humanitária provenientes das erradicações forçadas dos cultivos ilícitos foram incrementadas na região, ao ponto que a situação ameaça tornar-se ainda mais crítica”, diz um comunicado divulgado pelos camponeses.

Neste sentido, os agricultores asseguram manter o alerta diante da falta de garantias para o desenvolvimento da mesa de diálogo, o que é evidente por conta dos constantes “estigmas e acusações maliciosas” contra eles.

As concentrações em Catatumbo se dão em paralelo com a greve empreendida pelos mineiros colombianos, que exigem que o governo derrogue o Decreto 2235, que autoriza as forças públicas a destruir as máquinas de trabalhadores de mineração que não têm título de autorização.

Ambos os estalidos sociais manifestam a grave crise social que a Colômbia atravessa. Desde o passado 11 de junho, ao menos 15 mil camponeses se mantém em luta exigindo o estabelecimento de uma zona de reserva camponesa, entre outras reivindicações.

As reservas camponesas são uma figura legal, criada em 1994, que concede certos níveis de autonomia para preservar em alguns territórios a pequena propriedade de terra. Essa forma de organização também faz parte da agenda das negociações entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que está sendo discutida em Havana (Cuba), para pôr fim ao conflito armado no país.

A mobilização em Catatumbo, que começou de maneira pacífica, já deixou um saldo de 4 agricultores mortos e mais de 50 feridos.

Da redação do Vermelho,
Com informações da Telesur