Chefe da Tropa de Choque de São Paulo cai
Quase dois meses após a contestada atuação da Polícia Militar nos protestos de junho, o governo do estado de São Paulo, de Geraldo Alckmin (PSDB), trocou o comando de sua Tropa de Choque. Nesta semana, o coronel César Augusto Morelli foi demitido do cargo que ocupava havia quase dois anos. A nova função será exercida pelo coronel Carlos Celso Savioli, que estava no comando da PM na Baixada Santista.
Publicado 09/08/2013 09:46
Tropa de choque da policia militar dispara contra manifestantes mesmo sob gritos de não violência na Avenida Consolação, em 13 de junho de 2013 / Mídia Ninja
'Segui ordens e ganhei parabéns nas manifestações', diz ex-comandante. De acordo com matéria publicada na Folha de S. Paulo, que ouviu sete oficiais da Polícia Militar, a queda de Morelli se deve principalmente a três razões.
A primeira sem dúvida é a ação nos protestos de junho, que levaram à queda das tarifas de transporte. Inicialmente, a tropa reprimiu os manifestantes de forma violenta, como na fatídica quinta-feira, 13 de junho, na av. Paulista. Depois, foi criticada por ter demorado a agir, como em 18 de junho, quando houve ameaça de invasão à sede da prefeitura.
Também foi citada, em segundo lugar, a proximidade de Morelli com Antonio Ferreira Pinto, antecessor de Fernando Grella Vieira na Secretaria da Segurança Pública. Outro fator foi o envio de equipes sob o seu comando, como a Rota, para ações no interior do Estado sem avisar o secretário.
Há ainda questões internas, incluindo divergências com oficiais mais jovens.A substituição não foi feita antes, segundo os oficiais ouvidos pela Folha, porque a PM não costuma trocar comandantes em meio a crises. Questionado sobre as razões da troca, Grella afirmou, por meio de nota, que a mudança foi administrativa.
"Não existe qualquer descontentamento com o coronel Morelli. Ele prestou bom serviço, mas a alternância nos comandos é importante como fator de aprimoramento dos serviços", diz a nota.
Já a PM disse que a demissão se trata de um "processo natural de gestão e renovação na instituição".
A Tropa de Choque tem quatro batalhões e 5.500 homens. Seu chefe é responsável, dentre outros, por comandar o controle de distúrbios civis, nome dado às manifestações, e a Rota, equipe que costuma a atuar em ações onde há grande possibilidade de confrontos com suspeitos.
Com Folha de S. Paulo