UE pode impor rotulação de produtos das colônias israelenses
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE) Catherine Ashton defende diretrizes abrangentes que introduzam uma rotulação separada para produtos de colônias israelenses na Cisjordânia, território palestino, de acordo com informações desta terça-feira (23). Em outro sentido, porém, em meio às notícias sobre possíveis negociações entre Israel e Palestina, defensores da ocupação dos territórios palestinos, como o ministro israelense Naftali Bennett, rechaçam o envolvimento europeu no processo.
Publicado 23/07/2013 14:53
Catherine enviou uma carta aos membros da Comissão Europeia (Executivo da UE), pedindo-lhes que trabalhassem em diretrizes até o fim de 2013, de acordo com o jornal israelense Ha’aretz.
Na semana passada, o anúncio da UE sobre a publicação de diretrizes contra o financiamento de projetos ou instituições nas colônias israelenses causou reações negativas de Israel, mas também otimistas do lado palestino, que há muito esperava uma atitude contundente deste bloco, em que alguns membros são os maiores parceiros do regime israelense.
As diretrizes da UE sobre atividades em colônias israelenses
Ministro de Israel ameaça o governo e palestinos pedem clareza
As colônias israelenses na Cisjordânia são o principal entrave à retomada das negociações para uma solução entre Israel e a Autoridade Palestina, e o atual governo israelense tem sido classificado como um dos mais pró-colonos dos últimos tempos, devido ao peso de partidos e grupos de colonos na coalizão formada no começo deste ano pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Neste sentido, movimentos sociais que tomaram dimensões internacionais, como o “Boicote, Sanções e Desinvestimento” contra a economia israelense, recebem espaço no debate sobre a responsabilização do governo de Israel pela a ocupação crescente dos territórios palestinos, sobretudo desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Por isso, a diplomata europeia afirmou, nesta terça, que os Estados membros da UE precisam garantir “a rotulação correta de produtos importados produzidos além das fronteiras pré-1967 de Israel que são comercializados como sendo produtos israelenses”.
Entretanto, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, disse que a rotulação de produtos das colônias chega a ser “discriminação” contra Israel, numa recorrência frequente às expressões de ultraje quando confrontados por suas responsabilidades.
Apesar de oficiais europeus terem confirmado o apoio de outros ministros da UE à iniciativa de Ashton, ainda não há um planejamento, procedimentos ou previsões para a adoção da medida.
“A UE não reconhece a soberania de Israel […] sobre as Colinas de Golã, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Leste […] e não as considera parte do território de Israel”, mesmo que sejam considerados legais no direito doméstico, afirma o preâmbulo das diretrizes publicadas na semana passada.
Em resposta, Israel ameaçou uma crise séria entre o país e a UE com relação à medida, enquanto comentaristas disseram que as diretrizes poderiam representar um dilema para Israel sobre continuar ou não ocupando a Cisjordânia, e arriscar as suas relações com a comunidade internacional (para não mencionar as previsões comerciais), ou cumpri-las inteiramente.
De acordo com dados do Banco Mundial, de 2012, a União Europeia importa 230 milhões de euros (676 milhões de reais) anuais de bens produzidos nas colônias israelenses, ou seja, 15 vezes mais do que importam dos próprios palestinos.
Com informações da agência palestina Ma'an,
Da redação do Vermelho