Relatório aponta problemas no Hospital de Base

Maior unidade de saúde pública do Distrito Federal, o Hospital de Base atende pacientes com diversas necessidades – sejam pessoas com consulta marcada ou até vítimas de acidentes graves.

Superlotação no pronto-socorro, falta de profissionais e equipamentos quebrados são os principais problemas, segundo relatório feito por entidades como o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina.

As vistorias que embasaram o relatório foram feitas também pela Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF), Conselho Regional de Enfermagem (Coren-DF), Conselho Regional de Farmácia (CRF-DF) e Sindicato dos Médicos (Sindimedico-DF). As visitas foram no ano passado. O Governo do Distrito Federal alega que as informações contidas no relatório já não correspondem mais à realidade.

Segundo o promotor de Justiça Jairo Bisol, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, do Ministério Público do DF, uma das principais adversidades enfrentadas pelos pacientes do Hospital de Base é a falta de profissionais, problema compartilhado com toda a rede.

“Existe um deficit de pessoal de 50%. É um problema generalizado, em todas as categorias, mas o que é mais impactante para a população é a falta de médicos. Antigamente, se tinha a dificuldade de reposição por conta do salário. O concurso era aberto, mas as vagas não eram preenchidas”, explicou.

A Secretaria de Comunicação do DF informa que houve várias ações este ano no Hospital de Base, como o aumento de sete para 11 salas do centro cirúrgico. Também foi feita no pronto-socorro a ampliação do número de cadeiras acolchoadas. Está prevista a construção de um Centro de Politraumatizados para atendimento dos casos de pacientes com traumas e também de um Centro de Ortopedia, Oftalmologia e Odontologia. A medida tem o objetivo de desafogar o pronto-socorro.

O casal Priscila da Silva Santos, recepcionista, e Demetrius Quadros, eletricista, gostou do atendimento, que ocorreu porque o marido foi intoxicado por um veneno de planta. A primeira ida ao hospital havia sido no dia anterior, quando a espera foi de menos de 30 minutos. “O médico me pediu para retornar, já que o caso é um pouco complicado. Dessa vez foi mais rápido do que costuma ser. Não é todo dia que funciona desse jeito”, contou Demetrius.

O catador Adaílton Rodrigues acredita ter sido “premiado” por um atendimento rápido. A estadia de 13 dias no hospital por causa de uma infecção em uma das articulações estava chegando ao final, sem grandes problemas. “Geralmente é demorado, mas dessa vez não. Não precisei ficar em maca, fiquei em uma cama”, relatou.

De acordo com a professora Helena Shimizu, especialista em administração hospitalar da Universidade de Brasília, problemas como a falta de pessoal e equipamentos quebrados podem ser resolvidos mais facilmente. No entanto, a superlotação é um problema mais complicado de se solucionar: “Deveria ser organizado melhor o fluxo de pacientes. Vem muita gente para o Hospital de Base por ser referência, mas deveria ser discutido com municípios vizinhos uma maneira de melhorar condições para que não venham tantos pacientes para o DF”, afirmou. Para a especialista, a questão salarial não é o grande entrave para o aumento no quadro de médicos, já que existe no DF uma das maiores concentrações de profissionais da área no País.