PCdoB-CE reúne movimentos sociais para discutir manifestações

Representantes de diversos setores dos movimentos sociais do Ceará, reunidos na última sexta-feira (21/06), na sede do Comitê Estadual do PCdoB, debateram as manifestações que vêm ocorrendo em todo o país. Os mais de cem comunistas presentes foram unanimes em afirmar a importância dos protestos e consideram este um fato histórico do qual o PCdoB tem que fazer parte e contribuir. Na reunião também foi destacada a necessidade de combater o que a mídia apresenta sobre estes protestos.

Nágyla Drumond, secretária estadual de Movimentos Sociais do PCdoB-CE e membro da coordenação estadual da UBM-CE, iniciou o debate destacando que este é um momento desafiador e os comunistas precisam participar dele. “A história está nos chamando novamente e o PCdoB precisa ser protagonista. Precisamos contar com a força da militância comunista e convocar a unidade popular, reunindo o máximo de forças progressistas e avançadas de esquerda para combater o perigo do retrocesso. Esta batalha se dará nas ruas, com a participação popular”, defendeu.

O presidente estadual do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), fez um balanço de como foi iniciado o movimento e contextualizou o cenário brasileiro. Em sua participação, ele ratificou que os protestos começaram em São Paulo, com a insatisfação da população devido ao aumento das tarifas no transporte público. A truculência policial contra os manifestantes acendeu a chama da solidariedade das pessoas em outras cidades e, a partir daí, as manifestações tomaram outro rumo. Os governos municipal e estadual de São Paulo retrocederam e voltaram a baixar o valor do preço cobrado no transporte público. “Esta foi apenas a fagulha que incendiou o povo que estava sedento de ruas. As conquistas do Movimento Passe Livre nos mostra que vale a pena lutar”, considerou.

Patinhas reforça que este é um movimento oportuno para se discutir a força e o papel dos movimentos sociais e ele não pode ficar afastado das manifestações. “A mídia quer incriminar partidos políticos e movimentos sociais. Não podemos ficar fora deste movimento porque em 91 anos de história, nunca nos furtamos a defender os direitos do povo, nem mesmo durante a Ditadura. Não iremos recuar”, defendeu.

Segundo o dirigente do PCdoB, os comunistas devem, junto com outras forças avançadas, buscar a unidade dos movimentos sociais para disputar nas ruas e no campo das ideias este embate com a direita. Este momento exige ainda mais do militante sob pena de retrocesso. O que está em jogo é o futuro da nação”, alertou.

Mais opiniões

Várias pessoas participaram do debate e todas foram unanimes ao alertar sobre o momento histórico e a importância da participação dos comunistas. Rudiney Sousa, presidente da União da Juventude Socialista no Ceará (UJS-CE), tem acompanhado todas as manifestações em Fortaleza e alertou sobre a hostilidade com que partidos políticos e movimentos sociais têm sido recebidos nos protestos. Ele também defendeu a unidade de partidos de esquerda para combater esta repulsa dos manifestantes contra os movimentos organizados. “Este é um momento de defender verdadeiramente a democracia”. Ele também repudiou a forma como a polícia tem agido durante os protestos. “É inconcebível haver prisões de manifestantes só porque portavam bandeiras partidárias ou de entidades do movimento popular”, avaliou.

Para o sociólogo e membro da Comissão Política do PCdoB-CE, Gilvan Paiva, o centro da disputa não é o que a mídia tenta apresentar. “O que está em jogo é a sucessão presidencial. A mídia está jogando pesado para desgastar o governo e emplacar um candidato que a represente. Precisamos, com responsabilidade histórica, apresentar alternativas avançadas a este movimento, ocupar as ruas, nos unir aos diversos setores organizados da sociedade e criar a nossa pauta”, defendeu.

Militante comunista histórico no Ceará, José Rubens (Rubão) enfatizou a necessidade de a presidenta Dilma chamar o povo, tratá-lo como aliado para enfrentar os “gargalos” que impedem o avanço do país. Já Inácio Carvalho, secretário estadual de Comunicação do PCdoB-CE, destacou que é preciso enfrentar a mídia com vigor, habilidade e amplitude para conduzir o conjunto das forças políticas progressistas do país. “Estamos em processo de Congresso. Conclamo os camaradas a reunir as bases, conversar com o povo, orientar sobre o que está acontecendo e angariar forças. Este caminho revolucionário não começou agora, mas é fruto de, no mínimo, 91 anos de história”.

Para o advogado Benedito Bizerril, o sentimento da necessidade de mudança grita nas ruas. “Muitos fatores contribuíram para isto. O episódio de São Paulo foi apenas a gota d’água. Precisamos lutar por reformas profundas e aproveitar este momento histórico para apresentar o PCdoB aos jovens como Partido democrático, aglutinador e avançar nas conquistas do país”. Rodrigues Claudio Lima, presidente do Conselho Estadual de Juventude e militante do movimento LGBTT’s, destacou a importância de um posicionamento coletivo dos comunistas.

Ivo Braga, diretor da UNE, enfatizou o sentimento de indignação pela forma como a polícia tem agido contra os manifestantes. “É inadmissível que colegas nossos sejam presos apenas por portar bandeiras. Ao contrário de São Paulo, quando quase 220 pessoas foram presas e soltas em seguida, aqui no Ceará os colegas foram fichados e vão responder criminalmente por crimes que não cometeram. Precisamos repudiar essa repressão e defender coletivamente estes estudantes”, ratificou.

De Fortaleza,
Carolina Campos