Che, um homem novo para a humanidade
Primeiro foi Ernestinho, mais tarde Che Guevara e, depois de seu desaparecimento físico, chegou a se converter em San Ernesto de La Higuera o argentino que nasceu em Rosário há 85 anos, em 14 de junho.
Por Yurién Portelles, na Prensa Latina
Publicado 15/06/2013 13:07
Em Cuba, como em boa parte do mundo, é lembrado nesse dia como um ícone da justiça e do homem novo com o qual tanto sonhava para a humanidade e pelo qual lutou.
Uma revista e um documentário sobre sua vida e sua obra dirão mais sobre o homem que advertia que “não se pode confiar no imperialismo nem um pouquinho assim".
Che, médico, jornalista, ministro, guerrilheiro, jogador de xadrez, comandante, diplomata, economista, escritor… "não tinha papas na língua", diria um bom cubano para reconhecer a transparência no seu trato com as pessoas.
Milhares de histórias sobre sua vida são contadas, mas nesta ilha, cuja cidadania assumiu como sua, lembram da "inovação" do argentino ao criar os chamados trabalhos voluntários, aos quais contribuía com uma jornada de trabalho para fortalecer a economia.
Os fotógrafos de imprensa garantem que quando iam atrás das notícias do Che trabalhando em uma fábrica ou em uma construção, sem camisa, eram obrigados a contribuir com o trabalho antes da primeira foto e avisava que ali os operários eram as pessoas mais importantes. Aquilo ele tinha aprendido cedo, quando decidiu se lançar a uma aventura de motocicleta com seu amigo Alberto Granados e pôde apreciar com seus olhos as tristes realidades de um continente roubado de suas riquezas.
Os rostos envelhecidos prematuramente pelo trabalho na mineração e a miséria de seus povos deram sólidos argumentos aos pensamentos que ele vinha organizando desde dantes de estudar Medicina.
O encontro com Cuba
Em 1954, Che encontrou-se com Cuba quando conheceu no México o jovem Raúl Castro, atrevés do revolucionário cubano Ñico López. Raúl o apresenta depois a Fidel Castro, uma amizade que acabou só com a morte do argentino na Bolívia em 1967.
O líder do movimento revolucionário cubano compreendeu em poucas horas a grandeza de seu interlocutor e o convidou a ser o médico dos expedicionários do iate Granma que sairia de Tuxpan, no México, em uma das ações que levariam à vitória de 1959.
Che Guevara chegou a ser um dos comandantes do grupo armado e ao descer da Serra Maestra no dia 1 de janeiro daquele ano, ocupou vários cargos no governo cubano, como o de ministro de Indústrias e presidente do Banco Central de Cuba.
Entre as histórias que o povo conta, dizem que foi designado para essa tarefa porque em uma reunião Fidel Castro perguntou aos assistentes quem era economista e o Che levantou a mão porque pensou que o líder tinha dito "um comunista".
Durante esta etapa, amadureceram nele conceitos econômicos, desenvolvidos em profundas reflexões que deixou para a posteridade e que são estudados atualmente por sua vigência.
Bolívia o destino final do começo
Mas o Che soube compreender o valor da liderança que sua pessoa representava e não a guardou para si, mas decidiu promover a libertação desses povos explorados dos quais falava, na África e na América Latina.
Em seu continente, ainda o mais desigual na distribuição das riquezas, tinha visto com seus próprios olhos a miséria humana e entendeu que era possível mudar essa realidade, como tinha acontecido em Cuba, onde ofereceu seus serviços internacionalistas sem pedir nada em troca.
Outras terras convocavam seus modestos esforços, segundo admite em sua carta de despedida lida por Fidel Castro perante seu povo, que já era dele também.
Não pediu, no entanto, nada para seus filhos que deixava em Cuba, porque considerava que a Revolução era tão profunda que saberia dar o abrigo e alimento necessários.
A morte o surpreendeu foi na Bolívia, como líder de um movimento revolucionário, e onde passou à outra dimensão. Converteu-se em um exemplo para os seguidores da justiça.
Uma foto em preto e branco feita pelo cubano Alberto Korda nos primeiros anos da Revolução cubana o traz de volta à imaginação perpétua da humanidade, com sua boina negra e a estrela solitária.
Seu olhar sereno e profundo parece avisar que ainda é possível e necessário criar o homem novo que ele forjou em si mesmo, dizendo que se deve lutar sem individualismos… e até a vitória sempre.
Yurién Portelles é jornalista cubano