Embaixador da Coreia Popular visita o PCdoB e agradece apoio
O embaixador da República Popular Democrática da Coreia Ri Hwa Gun visitou o Comitê Central do PCdoB nesta quinta-feira (13), e encontrou-se com o secretário nacional de comunicação do partido e editor do Portal Vermelho, José Reinaldo de Carvalho. O diplomata falou das políticas do governo para o desenvolvimento e sobre a afirmação da soberania nacional contra o imperialismo, e agradeceu o apoio do PCdoB ao esforço pela paz na Península Coreana.
Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho
Publicado 13/06/2013 15:41
Ri abordou o contexto atual da Coreia Popular, classificando a política interna de “estável”, sob a liderança de Kim Jong-Un, com ênfase em medidas que promovam o bem-estar da população, a produção de alimentos, o desenvolvimento da energia e, principalmente, da agricultura.
Atual presidente da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e primeiro-secretário do Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC), Kim tem dado especial atenção também à saúde e aos esportes, no âmbito dos serviços à população, no desenvolvimento da economia nacional. Além disso, outro ponto crucial na política externa é a afirmação da Coreia Popular como detentora do poder de dissuasão nuclear, defendendo o seu direito ao “desenvolvimento de armas dissuasoras”, sobretudo a partir da intensificação da presença militar imperialista e ameaçadora dos Estados Unidos na península, de acordo com o embaixador.
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Influência negativa para a península
Entretanto, a crescente influência dos EUA na questão tem dificultado a reaproximação, inclusive por causa da sua presença na Península da Coreia, com a condução de exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul. Os EUA investiram nisso os seus “três pilares”, de acordo com o embaixador: submarinos, mísseis intercontinentais e a força aérea, todos mobilizados de forma maciça.
Foto: Xinhua
Navio nuclear dos EUA chega na Coreia do Sul para exercício militar em maio de 2013
“A situação na península complicou-se com as sanções e embargos impostos pelos EUA e pelo Conselho de Segurança da ONU” contra a Coreia Popular, supostamente em reação punitiva ao lançamento de satélites com tecnologia de lançamento de mísseis (em dezembro de 2012), disse Ri. “Mas milhares de satélites foram lançados por diversos países do mundo, de acordo com o direito que têm de fazê-lo, e ninguém respondeu como feito com a Coreia Popular, que também exerce o seu direito”, contrapôs.
Em fevereiro, a Coreia Popular, sentindo-se ameaçada em sua região pelo imperialismo dos EUA, aliado à Coreia do Sul, realizou o seu terceiro teste nuclear. “O nosso líder Kim Jong-Um pediu a preparação da Defesa. Mas queremos que os EUA retirem-se, ou não haverá garantia de que uma guerra nuclear não será conduzida. Neste contexto, apesar de não terem se retirado, os EUA suspenderam os testes de mísseis intercontinentais em abril”, disse o embaixador.
Até mesmo o Japão (que ocupou a Coreia até o fim da Segunda Guerra Mundial) propôs uma conversa para a normalização das relações, o que o embaixador atribuiu também ao programa nuclear do seu país: “Isso mostra que a nossa política de dissuasão nuclear foi correta, ou seríamos invadidos, como os países do Oriente Médio”.
Sobre a postura conciliadora ressaltada recentemente pela Coreia Popular com a Coreia do Sul, o embaixador diz que a intenção do seu país é aprofundar as relações bilaterais. “Queremos mudar o estatuto da do armistício [em vigor desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953] para um acordo de paz com a Coreia do Sul e os EUA. O armistício é apenas um cessar-fogo; tecnicamente, continuamos em guerra”. Os Estados Unidos tiveram um papel preponderante na Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953.
Já com relação às Conversações de Seis Partes, uma série de negociações multilaterais iniciadas em 2003 entre China, Japão, Coreia Popular, Rússia, Coreia do Sul, e os EUA sobre o programa nuclear norte-coreano, o embaixador disse que o seu governo não se importa com o formato dos diálogos; a intenção é mantê-los, mas não sob a pré-condição fundamental de desnuclearização, principalmente após a intensificação da presença ameaçadora dos EUA.
Apoio do PCdoB à Coreia Popular
O secretário de comunicação do PCdoB José Reinaldo de Carvalho reafirmou o apoio do partido à luta do povo norte-coreano pela defesa da sua soberania, pela reunificação da Coreia, pela afirmação da sua política socialista e pelo desenvolvimento interno da economia, sublinhando ainda a confiança na disposição para a garantia de uma situação estável e de paz na Península da Coreia, frente à séria ameaça de um conflito nuclear.
Neste sentido, o embaixador agradeceu a postura do PCdoB de manter o seu apoio à Coreia Popular, “mesmo quando desafiado”, referindo-se à ofensiva midiática contra o partido pelo apoio reiterado tanto através de declarações quanto através do Portal Vermelho, que publicou matérias relevantes sobre a ameaça do imperialismo contra a estabilidade na península.
O embaixador convidou o PCdoB para as comemorações de 27 de julho, por ocasião do Dia da Vitória na Guerra da Coreia. “Agradecemos a posição, assentada em princípios, mostrada pelo PCdoB, de apoio tanto à classe trabalhadora quanto à luta do povo coreano”.
Na troca de cumprimentos, uma delegação do Partido dos Trabalhadores da Coreia também foi convidada para o 13º Congresso do PCdoB, que será realizado em novembro deste ano. O embaixador Ri está representando a Coreia Popular no Brasil há quase quatro anos.