Eleições no Irã serão livres da pressão ocidental
Quando o aiatolá Ruhollah Khomeini morreu, em 1989, muitos analistas previram (ou desejaram) o fim da revolução iraniana, que, dez anos antes, tinha removido o funesto regime do Xá Reza Pahlevi, sustentado pelo Ocidente (aqui entendido como Estados Unidos e Europa). Naquele ano de 1989, havia se esboroado o regime soviético, fator que ainda mais estimulava os analistas de ocasião naquela miragem, sobretudo os mais excitados que previam o fim da história.
Publicado 13/06/2013 08:33
Não foi o que aconteceu, pois a revolução continuou e se aprofundou, em meio às suas contradições internas e à sabotagem ocidental, a ponto de projetar este país, antes dominado pelas transnacionais do petróleo como um dos mais prósperos e avançados, inclusive do pono de vista tecnológico: hoje são os iranianos que concebem e fabricam seus próprios mísseis intercontinentais, submarinos atômicos, ostentam uma medicina do mais alto nível e um desenvolvimento nuclear temido pelo mesmo ocidente.
Um programa massivo de educação e a organização de uma defesa interna e externa, a cargo da Guarda Revolucionária, composta de cerca de 120 mil homens, asseguraram até aqui as conquistas sociais e políticas deste povo. Povo que vive num território praticamente isolado do resto do mundo e cercado por regimes truculentos a soldo de Washington, que dominam seus coirmãos árabes da Arábia Saudita, Kweit, Catar, Emirados etc, para não falar do poderoso estado de Israel e suas 300 ogivas nucleares.
Pois bem, agora o Irã prepara-se para outra eleição presidencial, na próxima sexta-feira, dia 14, cuja importância chama a atenção, mas também presta-se a algumas intrigas e a novas arremetidas das potências ávidas para dinamitar aquela experiência popular. As alegações são as mais surradas como aquelas da “fraude eleitoral e falta de liberdade de expressão” e “discriminação contra a mulher” , que são docemente aceitas em regimes muito mais fechados e despóticos, como a Arábia Saudita e o Koweit, por exemplo.
Contra a opressão explícita na Arábia Saudita (mas convenientemente tolerada e sustentada por Washington e Londres), onde as mulheres não podem sequer dirigir carros, o Irã orgulha-se de mostrar que 66% das suas universidades são constituídas pelo gênero feminino e que, nas 30 eleições realizadas pela revolução de 1979 (esta de 2013 é a 11a. presidencial), registraram um comparecimento médio acima de 80%, em evidente contraste com os regimes saudita e koweitiano , onde o poder é dominado pela “família real”, que faz e acontece, sem a mínima consulta popular.
Mas desta vez, o regime dos aiatolás cuidou de evitar que o resultado eleitoral se prestasse a manipulações, como aquela da reeleição do atual presidente Mahmoud Ahmadinejad (impedido constitucionalmente de pleitear a segundo reeleição), em 2009, que quase engolfou o país numa guerra civil, parecida com aquela que esquartejou a Líbia e agora tenta implodir a vizinha Síria, numa invasão imperial que já teria custado a vidade maisde 70 mil pessoas, no curto espaço dos últimos dois anos. Ahmadinejad tinha sido eleito com evidente maioria (62,6%, embora tivesse perdido para Mir Hussein Mussavi, candidato classificado em segundo lugar, e que contestou o resultado, convocando seus adeptos (aliados às grandes potências, como ficou depois demonstrado) a protestos violentos.
Foi quando o país viveu momentos de angústia com a ação predatória de grupos extremistas que invadiram as ruas, incendiando prédios públicos e quebrando vitrines das lojas e subiam aos telhados de Teerã , a capital ,e outras cidades, gritando “Morte ao ditador” (uma referência a Ali Khamenei, o aiatolá e atual líder supremo, sucessor de Khomeini). Os protestos foram contudo rechaçados pela população, que, ajudada pela Guarda Revolucionária, dominou os conspiradores, preservando a revolução e livrando o país persa de uma sanguinolenta e possivelmente interminável guerra civil.
Para se resguardar destas surpresas, o regime acionou seu Conselho de Guardiãs, previsto na constituição, aprovada amplamente em plebiscito, como o órgão supremo, só abaixo do Imã (o líder supremo), também com mandato constitucional, para selecionar os candidatos realmente comprometidos com as causas populares, e rejeitando aqueles com vínculos estrangeiros ou com movimentos antirrevolucionário. Dessa maneira, se perfilaram oito candidatos que disputarão o voto dos iranianos nesta eleição presidencial de 2013.
São eles: Said Jalili, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional e principal negociador internacional do país em matéria nuclear; Mohamad Bagher Qalibaf, prefeito de Teerã; Gholam Ali Haddad Adel (que anunciou nesta segunda, 10, a sua desistência, em favor dos candidatos mais próximos à revolução), parlamentar e ex-presidente do Parlamento; 4) Ali Akbar Velayati, assessor do líder supremo e ex-ministro das Relações Exteriores; 5) Mohsen Rezaei, ex-comandante do Corpo de Guardiães da Revolução e atual secretário do Conselho do Discernimento; 6) Hassan Rohani; 7) Mohamad Reza Aref; 8) Mohamad Qarazi (estes três últimos desempenharam cargos de menos relevância na administração).
Fonte: Irã News