Fórum pela Paz na Colômbia divulga declaração final
De 24 a 26 de maio, ocorreu em Porto Alegre (RS) o Fórum pela Paz na Colômbia, que aprovou, na Assembleia dos Movimento Sociais a seguinte declaração final:
Publicado 27/05/2013 12:00
Declaração Final do Fórum Pela Paz na Colômbia – Porto Alegre, 24 a 26 de maio de 2013
e sim um inexorável decreto do destino”
Simón Bolívar
O Fórum pela Paz na Colômbia foi um sucesso porque esteve cheio de povo, de amor e de espírito unitário de toda nossa América, aquela que se vêm construindo com o suor de trabalhadores e trabalhadoras, com a resistência dos povos indígenas, com a coragem dos e das afrodescendentes, com a alegria dos e das jovens, com a valentia das mulheres e, claro, com o empenho de toda gente que dia a dia faz o possível e o impossível para sobreviver.
Ainda que com o cansaço pelos preparativos, pelas longas viagens, pelas tarefas realizadas em nossos locais mas com muito ânimo, confluímos no Fórum com a expectativa de nos encontrar, de escutar-nos e de construir os apoios necessários para a construção da paz com justiça social, soberania e democracia em nosso país irmão colombiano.
Ratificamos que a paz do continente está ligada à superação do conflito social e armado colombiano. Por isso, todas as organizações sociais e populares, os partidos políticos democráticos, progressistas e de esquerda, devemos nos comprometer na construção de um movimento nossoamericano pela paz com justiça social na Colômbia.
Este é um momento histórico em que se abriu uma possibilidade de diálogo que leve à concretização de um tratado de paz que mude o rumo da realidade colombiana, razão pela qual respaldamos sem hesitar o diálogo que acontece na emblemática cidade de Havana entre o Governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo, e clamamos pelo início do diálogo entre o Governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional, ratificando o que o movimento social colombiano assinalou: “O diálogo é o caminho”.
Assim como apoiamos o diálogo do governo com as forças insurgentes, também sinalizamos a necessidade fundamental de incluir a todo o povo colombiano na construção dos acordos, dedicando todos os esforços para construir uma realidade cheia de Justiça Social como baluarte de reconciliação entre colombianos e colombianas através da participação popular como mostra da ampliação da democracia.
Estes desejos expressados em todo o desenvolvimento do Fórum não podem ficar na retórica, em declarações ou em boas intenções. É urgente a mobilização de esforços políticos e sociais de todos e todas sul-americanos/as para que os inimigos da paz e da justiça social não imponham sua lógica de violência e para que não sigam utilizando o conflito colombiano como pretexto intervencionista contra os avanços democráticos de nossos povos e de nossa autodeterminação.
Nosso fórum identifica como uma ameaça real à paz da Colômbia e do continente as manobras ofensivas contra a América Latina realizadas pelos Estados Unidos e seus aliados. Sabemos que têm o propósito de conquistar o controle absoluto sobre as riquezas de nossos povos e subordinar nossos destinos a seus interesses imperialistas. Por isso, a luta contra a militarização e pela paz com justiça social atinge níveis de urgência, exige a unidade de nossos povos e a concretização de ações que mostrem rechaço a tais propósitos.
Além da militarização da região, reconhecemos como problemáticas centrais a dependência de nossas economias do capital transnacional, a exclusão e a violência contra as mulheres, a violência contra os povos indígenas, o ataque contra a produção camponesa e, em especial, a desestabilização dos processos revolucionários e democráticos, destacadamente contra nossa irmã República Bolivariana da Venezuela.
Neste sentido, o fórum conseguiu sintetizar propostas e promover ações destinadas a materializar esses objetivos, que refletem nossos sonhos e desejos de independência, justiça social, democracia e soberania:
• Participaremos na mobilização continental de 24 de julho, dia do nascimento do libertador Simón Bolívar, em apoio ao povo venezuelano e a sua Revolução Chavista e Bolivariana. No contexto desta atividade também levantaremos as vozes de nossa América pela paz na Colômbia
• Trabalharemos para construir uma plataforma continental pela paz com justiça social para a Colômbia que tenha expressões unitárias e diversas em cada um de nossos países.
• Participaremos na jornada proposta pelos Movimentos Sociais para a Alba contra a militarização e as transnacionais no próximo mês de outubro.
• Neste fórum se reafirma que as mulheres são fundamentais para a paz na Colômbia. Propomos o fortalecimento das Mulheres do Mundo pela Paz, que fizeram um árduo trabalho de gerar o ambiente propício para o início do diálogo de paz na Colômbia e irão promover ações de acompanhamento aos mais de 9500 presos e presas políticas, convocando a mais organizações de mulheres, e participar no mês de setembro da mobilização de mulheres pela paz com justiça social que será realizada na Colômbia.
• Os e as estudantes e jovens da América do Sul empreenderão com sua alegria e vitalidade a bela tarefa de trabalhar na Rede Latino-americana de Jovens e Estudantes pela paz na Colômbia, que começará suas ações nos próximos 8 e 9 de junho, dias em que se comemora a luta dos/das estudantes colombianos/as.
• Nos comprometemos a estar no Fórum Permanente pela Paz na Colômbia, transmitindo a voz dos movimentos sociais e populares pelos meios de comunicação das organizações, partidos políticos e centrais de trabalhadores/as.
• Os e as parlamentares reunidos/as no dia 25 de maio no contexto do fórum, farão uma declaração para ser assinada massivamente por parlamentares respaldando os diálogos de paz na Colômbia e a solicitação do cessar foto bilateral e apoiando o movimento social colombiano.
• Este fórum começa a organizar uma visita à Colômbia com brasileiros, argentinos, uruguaios e pessoas de outros países que queiram se somar, para realizar uma agenda de apoio ao movimento social colombiano. Esta visita estará organizada com atividades nas Zonas de Reserva Camponesas, com estudantes, trabalhadores/as e parlamentares. Se propõe que esta atividade seja realizada no próximo dia 13 de setembro no contexto da mobilização de mulheres pela paz na Colômbia.
• O fórum convida organizações sociais e populares, partidos políticos, mulheres, estudantes, juventudes, negritudes e povos indígenas a construir grupos amplos de solidariedade com a Colômbia.
• Aproveitamos este fórum para enviar uma mensagem de paz e amor a nosso querido povo da Palestina, a Euskal Erria e ao povo Curdo, que enfrentam há anos conflitos sociais e armados. Todas nossa solidariedade sempre será incluída em nossas mobilizações, ações ou declarações.
• Finalmente, há uma unanimidade em exigir que sejam restituídos os direitos políticos à extraordinária lutadora pelos direitos das mulheres e incansável construtora da paz, nossa amiga e companheira Piedad Córdoba.
Com essas propostas conseguimos avançar nos objetivos que traçamos como organizadores e organizadoras do Fórum pela Paz na Colômbia. Com a unidade do povo latino-americano para exigir o cessar fogo bilateral, a participação plena dos movimentos políticos e sociais na mesa de diálogos e o acompanhamento dos povos do continente e do mundo no processo de Paz com Justiça Social, Soberania e Democracia.
Viva a Paz com justiça social na Colômbia!
Viva a unidade do povo latino-americano!
Daremos pela paz com democracia, justiça social e soberania até a última gota de nossos sonhos!
Fonte: Fórum pela Paz na Colômbia