Azevêdo: Brasil terá longo caminho em negociações multilaterais

O novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo disse nesta quinta (23) que o caminho que será trilhado pelo Brasil na organização é “longo e difícil”. Mas o diplomata, que há mais de 20 anos lida com questões de comércio internacional, ressaltou que o país dispõe de capacidade de diálogo e que o comércio brasileiro é “globalizado e pulverizado”.

Azevêdo - Elza Fiúza

“O caminho que o Brasil terá será longo e difícil”, disse Azevêdo referindo-se ao fato de as negociações multilaterais na OMC estarem estagnadas há cerca de duas décadas. O diplomata participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

O novo diretor-geral, entretanto, ressaltou que as características do comércio brasileiro favorecem o país nas negociações internacionais. “O Brasil é hoje responsável por um comércio globalizado e pulverizado. Temos uma vocação para o comércio globalizado”, disse ele. “É a OMC que estabelece as regras para que sejam cada vez mais equilibradas em bases horizontais e equitativas, sem que o campo esteja desnivelado em favor de A, B ou C.”

Azevêdo lembrou a atuação brasileira na resolução de conflitos. “O Brasil tem atuado nos mecanismos de solução de controvérsia e o faz de maneira positiva. [A OMC] é uma organização que oferece muito ao Brasil. Nossa parceria oferece muito para continuar esse diálogo.”

Para ele, o Brasil deve ter orgulho de ser um exportador de commodities e produtos agrícolas. Mas, segundo ele, é fundamental que isso não limite o potencial exportador do país. Para Azevêdo, o Brasil apresenta condições de atuar em “várias frentes”.

“Não vejo a menor vergonha de o Brasil ser um exportador de commodities e produtos agrícolas. Vergonha seria o contrário, algo que não se justificaria. Mas o Brasil tem capacidade de ser exportador em várias frentes”.

Ao ser perguntado pelos senadores sobre as negociações da União Europeia com o Mercosul, o embaixador disse que elas ocorrem bilateralmente e, não no âmbito da OMC. Segundo ele, é importante também ressaltar que a organização não tem um papel fiscalizador desse tipo de negociação. “A organização não fiscaliza, os membros é que fiscalizam”, ressaltou.

O embaixador  destacou que o Brasil é um “grande exportador” e apelou para que se adote uma estratégia voltada à competitividade. “Temos de olhar mais a competitividade, não apenas no setor industrial, mas também no agronegócio”, disse. “O Brasil não é um país importante não apenas porque é exportador, mas porque é também um importador.”

O embaixador brasileiro ressaltou que, ao assumir o cargo de diretor-geral em 1º de setembro, não representará mais o Brasil. Porém, bem-humorado, ele disse que não se esquecerá da sua nacionalidade. “Uma vez assumindo a direção-geral, eu deixo de ser o embaixador e representante permanente do Brasil, o que não significa que deixarei de ser brasileiro, vou continuar tomando minha caipirinha e jogando meu futebol, no fim de semana”, destacou.

Fonte: Agência Brasil