Resposta a uma pergunta 

Perguntaram-me se o movimento sindical sairá de mãos abanando da reunião com Dilma. A pergunta se referia, é óbvio, à reunião das centrais sindicais com a presidente da República no dia 14, em Brasília. Minha resposta foi, como teria falado Brizola, um “rotundo” não.

Por João Guilherme Vargas Netto*

Não, porque as centrais unidas, representantes sindicais máximos dos trabalhadores, não entrarão na reunião de mãos vazias; há emprego, ganhos reais de salários e a própria unidade de ação das centrais, o que é muita coisa.

Além disso, ao recapitular a evolução dos acontecimentos observamos que desde a Conclat do Pacaembu (que estabeleceu a pauta unitária), passando pela 7ª Marcha do dia 6 de março que entregou nosso elenco de reivindicações aos poderes da República e com o êxito das comemorações do 1º de Maio e a preparação das centrais para o encontro, garantiu-se já o cumprimento da primeira grande exigência do movimento sindical: o diálogo permanente, institucional, respeitoso e produtivo entre as centrais e a presidente da República para fazer avançar o projeto produtivista (que é nosso) e derrotar o bloco dos rentistas.

Como não se trata, todo mundo sabe, de uma mera negociação salarial entre patrão e empregado, mas de uma reunião entre supremos poderes – o da República e o do movimento sindical – os objetivos e resultados da reunião do dia 14 não poderão ser medidos por indicadores momentâneos e circunstanciais, mas por suas orientações estratégicas e avanços, mesmo que simbólicos.

Em cada um dos temas em discussão o movimento apresentará suas razões à presidente e procurará sensibilizá-la para as possibilidades e para a necessidade de seu atendimento.

Algumas questões, por exemplo, podem ter um encaminhamento que simbolize a adesão ao pedido formulado (penso nas convenções 151 e 158) ou se desenhe um padrão gradual de sua realização que envolva outros poderes e os partidos políticos (a negociação sobre o fator previdenciário e a redução paulatina da jornada).

O movimento apresentará também à presidente suas preocupações com a desindustrialização, a alta dos juros, a pressão inflacionária e com as terceirizações; nisto cumprirá o seu papel estratégico ao defender o fim de qualquer das indexações existentes exceto à da política de valorização do salário mínimo.

*Membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo