Rio recebe projeto para apoio psicológico às vítimas da ditadura
O Rio de Janeiro recebeu nesta quarta-feira primeira (17) a etapa do projeto Clínicas do Testemunho. O início do projeto é denominado de conversas públicas. Nesta fase do programa, os interessados em participar do atendimento gratuito psicológico conhecem a metodologia que será aplicada.
Publicado 18/04/2013 09:07
Segundo o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, que também é presidente da Comissão da Anistia, as clínicas terão 702 vagas não apenas para os anistiados políticos, conhecidos como vítimas da ditadura, como também às pessoas da família.
"Temos clareza que os traumas não atingem única e exclusivamente os perseguidos políticos, mas também àqueles que sofreram sequelas do autoritarismo, como seus filhos, seus pais e seus companheiros, reconhecendo a dimensão do dano. As clínicas de testemunhas têm como propósito atender às demandas de importante segmento da nossa sociedade civil oferecendo assistência psicológica gratuita àqueles que foram atingidos por atos de exceção durante a ditadura militar", disse.
Abrão afirmou que em São Paulo, onde já foram feitas as conversas públicas, agora estão sendo recebidos os e-mails dos participantes confirmando as inscrições e a adesão à metodologia. Os nomes serão passados para as clínicas a fim de agendar as sessões de atendimento. As clínicas foram selecionadas por meio de edital.
"Foi selecionado um conjunto de profissionais com vasta e comprovada experiência no tratamento de traumas advindos de crimes de violência de Estado, mais especificamente as particularidades da violência do Estado de exceção. Essas pessoas são profissionais gabaritados que já vinham promovendo atendimentos nessa área e já comprovaram, inclusive, articulação com outras redes de atendimento psicológico a vítimas da ditadura na Argentina, no Chile e no Uruguai", disse.
O secretário nacional de Justiça informou ainda que o programa terá como prazo incial dois anos e será avaliado no fim do periodo. "No primeiro momento avaliamos que essas cidades teriam a maior demanda. Agora estamos analisando a possibilidade de ampliação. As conversas públicas estão servindo para avaliar a adesão ao programa. Embora as clínicas estejam localizadas nessas cidades, as pessoas que moram fora desses locais podem se inscrever para participar”.
Segundo ele, a Comissão de Anistia, como orgão, já trabalhava no campo da reparação econômica. “Uma frente de reparação moral é o pedido de desculpas do Estado brasileiro. Outra de frente de reparação coletiva são os projetos de memória e agora esta é a quarta frente do programa de reparação do Estado brasileiro. A nossa expectativa é de que o principal resultado dos programas seja a melhora do bem-estar das vítimas e também dos parentes", concluiu.
Fonte: Agência Brasil