Auditoria dos votos e a segurança das eleições venezuelanas
O sistema eleitoral venezuelano é reconhecido como um dos mais seguros do mundo. Permite a auditoria em todas as etapas: desde a chegada das urnas aos centros eleitorais, até a fidelidade da contagem e transmissão dos dados, que é feito por um sistema independente da internet do país, impedindo tentativas de infiltração na rede para manipulação dos dados. Este é o sistema que está sendo questionado pelo candidato Capriles, que pede a recontagem dos votos.
Por Vanessa Silva, de Caracas
Publicado 17/04/2013 13:13
Ao final da votação, é impresso um comprovante do voto que serve para que as pessoas tenham certeza de que o que foi computado é igual à sua vontade. Ao contrário do que está sendo dito no país, estes papéis não servem para recontagem dos votos e sim para a auditoria dos dados. Todos os processos são acompanhados por técnicos e representantes de diversos partidos políticos do país, que assinam um documento atestando a validade das auditorias.
No centro da polêmica, as papeletas impressas com o voto dos cidadãos venezuelanos são depositadas em uma urna no centro de votação e, posteriormente, 54% delas são auditadas para que seja comprovada a fidelidade entre o que está nas urnas e o que foi enviado pelo sistema eletrônico. Se um centro de votação tem três urnas, duas são auditadas, se tem duas, verificam uma e se tem somente uma, ela é escrutinada. Este processo já foi realizado nestas eleições com a chamada auditoria cidadã, cujo trabalho confirmou o resultado eleitoral anunciado pelo CNE.
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Um sistema automatizado é mais seguro que o manual. Em qualquer país do mundo, a mudança de sistema é considerada um avanço em direção à confiabilidade do pleito eleitoral. Assim, os órgãos eleitorais e autoridades do país não querem permitir que, pelo que consideram ser um “capricho” de Capriles, como afirmou Maduro, o processo elogiado até mesmo pelo ex-presidente estadunidense Jimmy Carter, seja colocado à prova sem que denúncias contundentes tenham sido feitas até o momento. A direita não protocolou formalmente o pedido diante do CNE, o que deixa claro a intenção destas ações.
Assim, claro o duplo discurso de Capriles que, eleito governador em Miranda em disputa realizada contra o atual chanceler do país, Elías Jaua, ganhou com uma margem de 3%, ou 45 mil votos. Em nenhum momento Jaua questionou o resultado. Outra mostra de que os chavistas respeitam seu sistema eleitoral é que em 2007, quando o ex-presidente Hugo Chávez realizou o referendo para consultar a população a respeito de uma mudança constitucional, e teve o único revés eleitoral em seus 14 anos de governo, mesmo com a pequena diferença de 125 mil votos, o presidente aceitou o resultado. Maduro declarou reiteradas vezes que, em respeito à Constituição – que consideram o maior legado de Chávez – aceitaria qualquer que fosse o resultado das urnas.
“Se revisarmos o discurso do ex-candidato quando aceitou concorrer às eleições, já estava esquematizando uma fraude e o desconhecimento dos resultados. Durante sua campanha, jamais disse que reconheceria os resultados do CNE”, afirmou o deputado do Partido Comunista da Venezuela (PCV), Yul Jabour Tannous.
Em defesa da revolução, chavistas têm ido com frequência à televisão defender o legado de Chávez: “não permitiremos que o fascismo volte a governar nosso país como fez durante dos governos da Quarta República. Nosso povo, por meio dos partidos da revolução, tem avançado no nível de consciência, que nos permitiu derrotar estes grupos que responde a interesses alheios à nossa pátria”, afirmou Tannous.
*Vanessa Silva é jornalista, enviada especial do Vermelho a Caracas, e integra a equipe da ComunicaSul
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