ONU: Resolução confirma golpe contra presidente Lugo no Paraguai
Aníbal Carrillo, candidato presidencial da Frente Guasu, coalizão da esquerda paraguaia, afirmou que a recente resolução da ONU sobre a situação do país confirmou a conspiração desenvolvida para destituir o presidente Fernando Lugo. Carrillo atribuiu grande relevância ao documento do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que pede uma investigação independente e imediata sobre a morte de camponeses e o processo que tirou o mandatário de seu cargo em 2012.
Publicado 31/03/2013 15:54
Carrillo destacou que o acordo do Conselho foi feito depois de apresentados seus desencargos pelo governo de Federico Franco e representa rejeição aos alegados oficiais sobre o sangrento desalojamento de camponeses em Curuguaty, em junho passado, argumento usado para destituir Lugo.
A ONU reconheceu que a investigação realizada oficialmente sobre Curuguaty foi superficial, insuficiente e muito parcial apesar da morte de 11 camponeses e seis policiais, procurando sempre colocar um manto de sombra para ocultar a verdade, agregou.
O entrevistado considerou também que a ONU reafirmou as muitas suspeitas de que o violento desalojamento foi um crime político com o qual se iniciou a conspiração e culminou com uma paródia de julgamento político onde não se respeitaram os procedimentos básicos para a defesa.
A Frente Guasu esteve reclamando esse ponto e afirmando que a democracia paraguaia sofreu um enorme golpe, uma grande ferida, com a expedita destituição do chefe de Estado constitucional, e que agora estudará algumas medidas a adotar depois desse reconhecimento pela ONU.
Um elemento importante é que tudo isto sucede quase no final do processo eleitoral em desenvolvimento com vistas às eleições gerais de 21 de abril. A declaração da ONU afeta diretamente aos candidatos presidenciais Horacio Cartes e Efraín Alegre dos partidos tradicionais.
Eles foram parte direta da conspiração e protagonistas centrais do golpe contra a democracia que hoje não só está conceituado assim pelo Mercosul (Mercado Comum do Sul), Unasul (União de Nações Sul-americanas) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, senão pelas próprias Nações Unidas, propôs Carrillo.
Recordou que a ONU propõe agora uma Comissão Independente que pesquise o sucedido em Curuguaty, no processo de destituição presidencial e o atual presidente Federico Franco, que depois de assumir do cargo dissolveu uma entidade similar conformada por Lugo.
"Isto é um desmascaramento de Franco feito pelas Nações Unidas porque, ademais, existe uma falta de confiança nas instituições oficiais paraguaias como o Poder Judicial e a Promotoria", concluiu.
Fonte: Prensa Latina