Solidariedade à Palestina dá o tom no encerramento do Fórum

O desejo de mudança do povo árabe fez Túnis pulsar mais forte durante a Marcha da Terra do Fórum Social Mundial (FSM) da Tunísia, ocorrida no sábado (30), quando é celebrado o Dia da Terra na Palestina. A data é simbólica e por isso foi escolhida para a realização de uma marcha de encerramento do FSM. Durante todo o percurso, diferentes bandeiras de luta marcharam juntas pela libertação e reconhecimento da Palestina.

Depois de cinco dias de atividades, uma das maiores marcas que ficarão para quem esteve na capital tunisiana para participar do Fórum certamente é a necessidade que a população da região tem de sair às ruas para gritar ao mundo que vivem uma transformação, ou pelo menos lutam por ela.

No dia 30 de março de 1976 seis manifestantes morreram nas mãos de policiais israelenses durante um protesto contra o confisco e invasão das terras em Gaza pelo governo de Israel. Neste 30 de março de 2013, milhares de palestinos e apoiadores solidários com sua causa se reuniram para chamar a atenção à necessidade de dar um basta à ofensiva israelense em Gaza, que segue sendo alvo de confiscos de terra e invasões promovidas pela polícia israelense. Assim, pouco a pouco, vão tomando a terra palestina.

“Pela libertação da Palestina”, exclamavam os ativistas durante a caminhada, que seguiu até a Embaixada da Palestina. Outras palavras de ordem eram: “O povo quer a Palestina livre”. “Está vivo, está vivo, Chokri Belaid” e “Tahrir Palestine”, referindo-se à Praça Tahrir, no Egito, palco da insurgência popular naquele país, como se dissessem: façamos Tahrir na Palestina.

Durante a concentração, que começou por volta das 15h, na Avenue Habib Bourguiba, uma das principais vias de Túnis, muita música e dança. Em um canto, crianças palestinas formavam um coral exaltando a Palestina, em outro, homens festejavam o Dia da Terra ao som de um trompete típico palestino.

Confronto

Por volta das 16h30, a manifestação alcançou a Praça 14 de Janeiro, no final da Habib Bourguiba, onde ocorreram as manifestações durante a insurgência tunisiana, em dezembro de 2010. Lá, era possível ver famílias inteiras de palestinos reunidas exibindo cartazes.

Quando a marcha começou a seguir em direção à Embaixada da Palestina, ponto final da manifestação, ativistas sírios pró e contra o governo do presidente Bashar Al-Assad entraram em um confronto rápido. Uma barreira humana precisou ser feita, por voluntários do evento e ativistas, para impedir o confronto. Em meio às transformações que o mundo árabe vive, a Síria sofre uma agressão militar, orquestrada pelas forças estadunidenses e europeias, com apoio da Turquia e do Catar, há quase dois anos.

Encerramento

Sob forte emoção, os participantes do ato cantaram, por volta das 18h30, o hino da Tunísia e o hino da Palestina em frente à embaixada, onde foi feito um rápido discurso de encerramento por diplomatas e ativistas presentes na sacada do prédio.

Como na marcha de abertura, um forte esquema de segurança foi adotado pela polícia local a fim de evitar confrontos e atentados, tendo em vista a situação atual do país, chocado com o assassinado do líder da oposição, o advogado Chokri Belaid. Ao final, era possível ver mais uma dezena de carros da polícia e homens fortemente armados. Durante todo o FSM, o policiamento esteve presente no evento, porém de maneira discreta.

Por Deborah Moreira, de Túnis, especial para o Vermelho