CTB leva para Túnis debate pela paz

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) realizou uma atividade na Universidade El Manar, em Túnis, na Tunísia, para debater “A Luta pela Paz: as Políticas Sociais Inclusivas e o Papel da Ciência e Tecnologia na Soberania dos Povos”. O debate faz parte da programação do Fórum Social Mundial (FSM).

Por Deborah Moreira, de Túnis para o Vermelho

 


Atividade da CTB na Universidade El Manar, em Túnis, Tunísia, durante Fórum Social Mundial/fotos: Deborah Moreira

O evento foi realizado na quinta-feira (29), em conjunto com outras entidades como Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) e Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar).

Os integrantes da mesa, coordenada por Gilda Sousa, vice-presidenta da CNTU, apontaram a necessidade de investimento na ciência e na tecnologia e de se buscar alternativas para a apropriação e acesso à ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento de todos os povos do mundo e não somente para enriquecer uma minoria. Além disso, a luta pela paz deve ser uma tônica dos movimentos sociais, que atuam diariamente para ampliar os direitos dos trabalhadorres a partir de políticas de industrialização do país, somada a políticas sociais.

Cicero Pereira da União Geral dos Trabalhadores (UGT) fez a saudação inicial, abrindo as falas da mesa, lembrando que o FSM nasceu como contraponto ao neoliberalismo. “Defendemos um mundo melhor para os trabalhadores e trabalhadoras”, enfatizou Cícero.

Rogério Nunes, secretário de Políticas Sociais da CTB, que iniciou o debate, abordou as políticas sociais brasileiras e os projetos que as centrais sindicais têm de desenvolvimento, com valorização do trabalho. “O projeto serviu como bandeira de luta dos trabalhadores para pressionar os governos para ter um Brasil diferente. Esse projeto tem na sua essência políticas na área da saúde pública, habitação, assistência e educação. Mas o mais importante para nós nesse projeto é a política de valorização do salário mínimo, que influi diretamente no salário dos aposentados e pensionistas”, destacou Rogério.

“Os índices sociais do Brasil atuais são fruto da política atual, que é a diminuição da pobreza, ingresso de quase 40 milhões de assalariados a mais na classe média. E esses números são resultados da nossa mobilização”, completou Rogério Nunes, que lembrou que os empresários ainda exercem forte influência sobre o governo. Por conta disso, para aumentar a pressão das centrais sindicais e dos movimentos sociais, o dirigente da CTB mencionou os esforços que vêm sendo feitos, como a recente Marcha a Brasília, promovida pelas centrais, no dia 6 de março, que levou as bandeiras de luta para as ruas da capital federal como os 10% do Produto Interno Bruto (PIB).

Ciência e tecnologia

No encerramento do debate, o presidente da CNTU, Murilo Pinheiro, mencionou as bandeiras de luta da entidade como o desenvolvimento sustentável com distribuição de renda, investindo em ciência e tecnologia: “Os avanços nessa área devem servir à humanidade, não a grandes corporações”.

O presidente da CNTU também falou sobre a importância da inovação e da qualificação da mão de obra para a inserção das nações na economia global. Com relação ao Brasil, pontuou que é fundamental superar a desindustrialização que ocorre para continuar promovendo o desenvolvimento. Pinheiro defendeu, ainda, a implantação de um Sistema Nacional de Educação Continuada, para garantir a formação universitária dos trabalhadores, assegurando a sua valorização e possibilidade de contribuir com a superação dos desafios que o País ainda enfrenta.

Outros participantes

A discussão realizada em Túnis contou também com a participação dos representantes da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Cícero Pereira, e da Força Sindical, João Peres Fuentes, e José Araújo Silva, da Pastoral do Idoso e representante do Conselho Nacional de Assistência Social do Brasil. “Hoje, é um direito do cidadão e um dever do Estado, deixou de ser vista como caridade”, salientou. Entre as conquistas, apontou a criação do Sistema Único de Assistência Social (Suas).

De acordo com José Araújo, atualmente no Brasil está se consolidando um modelo sustentável de assistência social. “Diferentemente do que houve nos países escandinavos, estamos construindo um sistema que vai se aguentar”, frisou.

Por fim, o especialista em assistência social recordou a evolução da estrutura brasileira de atendimento com a implantação de 10 mil Centros de Referências de Assistência Social (Cras). O orçamento da área, disse, também foi ampliado e, em 2013, terá R$ 64 bilhões, que devem saltar para R$ 70 bilhões em 2014. Para promover melhorias, José Araújo reforçou a importância da participação da sociedade nos conselhos municipais paritários, que contam com representantes do governo e da sociedade civil.


Raimunda Gomes (Doquinha) faz internvenção na atividade

Raimunda Gomes, a Doquinha, secretária da Mulher da CTB, também fez uma intervenção reforçando a luta das mulheres trabalhadoras por autonomia e pelo fim da violência contra a mulher.

No final, integrantes da plateia participaram do debate. Entre eles havia lideranças do movimento sindical e do movimento feminista, além de estudantes, professores e profissionais da assistência social.