Liga Árabe outorga assento sírio à "oposição" para cimeira
O governo da Síria censurou enfaticamente a decisão da Liga Árabe (LA) de outorgar à autodenominada Coalizão Nacional das Forças da Revolução e Oposição Síria (CNFROS) o assento de Damasco, suspenso como membro da Liga desde 2011. O protesto contra essa ingerência ilegal ocorre enquanto a LA reúne-se, nesta terça-feira (26), no Catar, para discutir temas fundamentais para a região, como a própria crise síria e a política interna na Palestina.
Publicado 26/03/2013 11:52
A crise na Síria é o principal tema da reunião da Liga, ainda que não esteja presente a principal parte e a representação oficial do país soberano: o governo sírio. Além disso, a discussão de um tema de política interna em um fórum regional que retirou do governo a sua representação se mostra como uma ingerência nos assuntos internos do país, patrocinada por potências europeias, pelos EUA e vizinhos que financiam a instabilidade dentro do país.
“A Liga entregou o assento roubado da Síria a bandidos e capangas”, afirmou o diário governamental sírio Al-Thawra, nesta segunda-feira (25). “Eles esqueceram que são as pessoas quem concedem os poderes, e não os emires do obscurantismo”, agregou.
O ex-líder da oposição síria Moaz Al Khatib é aguardado na reunião da Liga Árabe e deve discursar no evento.
A enérgica crítica do governo de Damasco foi feita um dia depois de os ministros de Relações Exteriores dos 22 países membros da LA anunciarem a “transferência” do assento do governo da Síria à CNFROS, nas vésperas da realização da cimeira no Catar.
Neste sentido, a televisão estatal síria assegurou que o “Catar quer passar por alto as regras da LA ao outorgar o assento de um dos fundadores da Liga a uma coalizão que obedece somente o dinheiro e o combustível do Golfo [Pérsico] e se submete aos ditados estadunidenses”.
No último 6 de março, a Liga Árabe convidou a CNFROS a “formar um órgão executivo para ocupar o assento da Síria” na próxima cimeira, prevista para esta terça em Doha, capital do Catar.
Os chefes de diplomacia da LA declararam também que os países membros têm liberdade para oferecer ajuda militar aos grupos opositores armados que lutam contra o Governo do presidente sírio Bashar al-Assad.
Temas da cimeira
Além da crise interna na Síria, também estará em discussão a busca pela reconciliação na Palestina, envolvendo os partidos Fatah (no governo da Cisjordânia, através da Autoridade Palestina) e Hamas, no governo da Faixa de Gaza.
Um total de 15 chefes de Estado e de Governo confirmaram presença, entre eles o presidente do Egito, Mohamed Mursi, o emir do Catar, Sheikh Hamad Bin Khalifa Al Thani, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. A Arábia Saudita, o Iraque, a Argélia, Omã, o Sudão e os Emirados Árabes Unidos serão representados por delegações.
Entre eles, o Iraque, por exemplo, havia se manifestado contrário à exclusão do governo sírio da Liga e a falta de engajamento no diálogo (já oferecido diversas vezes pelo governo e já institucionalizado em âmbito interno e a nível oficial) para a crise que o país enfrenta.
Entretanto, em discurso, o vice-presidente iraquiano Khudeir Musa Al Khuza pediu à LA que forme um Conselho de Segurança para resolver a crise. Segundo ele, a iniciativa seria uma “resposta prática”.
Paralelamente, o emir do Catar Al Thani sugeriu a busca por um acordo, liderado pelo Egito, para encerrar o impasse entre o Fatah e o Hamas, na tentativa de obter a reconciliação nacional na Palestina. O emir recomendou a criação de um fundo, no valor de US$ 1 bilhão para apoiar os palestinos.
Com agências,
da redação do Vermelho