Serra ameaça sair do PSDB se não for eleito presidente da legenda
O ex-governador José Serra deu um ultimato à direção do PSDB e informou que deixará o partido caso não seja contemplado na nova formação da direção partidária, que será eleita em maio. Segundo os tucanos, Serra quer a presidência do PSDB, e ameaça sair da legenda e não apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (MG) ao Palácio do Planalto.
Publicado 16/03/2013 16:15
A informação chegou à direção do PSDB no fim desta semana, por meio de três parlamentares alinhados ao ex-governador. Ciente da situação, Aécio telefonou para Serra na quarta-feira, mas até esta sexta-feira (15) não tinha conseguido falar com o ex-governador. O mineiro pretende desembarcar em São Paulo no domingo (17) ou segunda (18) para ter uma nova conversa com o ex-governador. Serra, no entanto, teria dito que não está disposto a dialogar mais se o assunto da presidência da sigla não entrar na pauta.
A seus interlocutores, Serra passou a criticar duramente o senador mineiro. Chegou a chamá-lo de "coronel" e o acusou de ter prejudicado sua campanha presidencial em 2010, quando foi lançado o livro A Privataria Tucana, no qual sua filha é citada. Serra já disse mais de uma vez – e a várias pessoas – que o livro teria sido produzido com o apoio de Aécio, já que o autor é um jornalista de Minas Gerais.
Segundo o recado enviado à direção do PSDB, se Serra não tiver a presidência do partido, ele sairá da legenda e apoiará a candidatura ao Planalto do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). "O Aécio terá que escolher se prefere ter a presidência do PSDB, com Serra na campanha de Eduardo Campos, ou disputar a Presidência da República com o apoio de Serra", disse um dos parlamentares ligados ao tucano paulista.
A direção do PSDB já está fechada em torno da candidatura de Aécio à presidência do partido. A cúpula da legenda avalia que o cargo é imprescindível para que o senador prepare sua campanha ao Planalto. A direção tucana daria ao mineiro exposição e palanque pelos Estados.
No fim da semana passada, Serra se encontrou com o governador Geraldo Alckmin e manifestou insatisfação com o grupo de Minas, que estaria atropelando São Paulo. O tucano também teria manifestado insatisfação com o rumo das negociações internas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou a fazer um meio de campo entre os dois grupos. Procurado pelo Estado, o ex-presidente disse que não comentaria o assunto neste momento. Serra se limita a dizer que "há muita fofoca" sobre sua vida política.
De acordo com as conversas dos últimos dois dias, o ex-governador estaria disposto a apoiar a candidatura de Aécio à Presidência se obtivesse um sinal positivo em favor da unidade – ou seja, a presidência do partido. Serra poderia, inclusive, fazer o anúncio nas próximas semanas.
Serra mantém conversas com o presidente do PPS, Roberto Freire, e poderia migrar para a legenda do aliado, que já lhe ofereceu guarida desde 2010, quando perdeu a eleição presidencial. O partido de Freire busca uma fusão com o PMN. Se as duas siglas se unirem, parlamentares poderão migrar para o novo partido sem risco de perder os mandatos. A legenda teria, então, condições de criar uma bancada mais fortalecida, inclusive para ter candidato à Presidência.
Pressão
Apesar da movimentação nos bastidores, os tucanos avaliam que Serra não deixará o PSDB, partido que foi fundado por ele em 1988. O ex-governador estaria usando a possibilidade de deixar a legenda como forma de pressionar na negociação para compor a nova direção do PSDB.
O formato em estudo pela atual direção, alinhado ao projeto de Aécio, previa o senador mineiro na presidência do partido, com a cessão do segundo cargo na estrutura partidária, a secretaria-geral, a um paulista ligado a Alckmin.
Em 2011, Serra pleiteou a presidência do PSDB, mas o atual presidente, deputado Sérgio Guerra (PE), foi reeleito com o apoio de Aécio. Os tucanos ligados ao ex-governador tentaram emplacá-lo no Instituto Teotônio Vilela, centro de estudos do partido. Não conseguiram. Aliados de Aécio avaliaram que ele criaria uma presidência paralela no órgão.
Fonte: O Estado de S.Paulo