Hugo Chávez é homenageado durante Marcha a Brasília

As homenagens ao presidente Hugo Chávez, que morreu na terça-feira (5), não param. Durante a 7ª Marcha a Brasília, promovida pelas centrais sindicais, na quarta (6), ele foi lembrado pelos cerca de 65 mil trabalhadores reunidos. Participaram da atividade todas as centrais sindicais, movimentos sociais e movimentos estudantis. Divanilton Pereira, da executiva nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), falou com exclusividade à Rádio Vermelho diretamente da marcha.  

A notícia da morte do presidente Hugo Chávez chegou na véspera da marcha, comovendo a todos. Por conta disso, a todo instante durante todo seu percurso o líder venezuelano era lembrado e saudado.

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Uma das bandeiras de luta das centrais e movimentos sociais presentes na marcha, é a redução de jornada de trabalho para 40 horas semanais que o presidente Hugo Chávez adotou na Venezuela.

"É bom lembrar que uma das últimas decisões estruturantes de Hugo Chávez foi a mudança do contrato de trabalho na Venezuela. Lá ele reduziu a jornada de trabalho para 40 horas", reforçou Divanilton Pereira, que em seguida elencou as demais bandeiras de luta levadas à atividade.

"É uma agenda de caráter estratégico como o fim do fator previdenciário, a inclusão da votação das convenções da OIT [Organização Internacional do Trabalho] 151 e 158, que versam sobre a regulamentação do direito de greve dos funcionários públicos e a manutenção do emprego", completou o dirigente da CTB.

Outro posicionamento dos trabalhadores durante a marcha foi o baixo desempenho da economia brasileira em 2012, o qual Divanilton destacou: "Os trabalhadores se posicionaram em função do fraco desempenho da economia em 2012, que só cresceu 0,9%, que teve dois componentes que se destacaram: o baixo investimento relativo do governo e o consumo das famílias, que resulta da renda, do poder aquisitivo do brasileiro. É por isso que também estamos aqui", disse.
 
As bandeiras de luta das mulheres também tiveram destaque no ato, que contou com a presença de trabalhadores rurais, reunidos no 11º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), realizado em Brasília.

No calor da multidão, Divanilton Pereira fez questão de falar do êxito da Marcha a Brasília. De acordo com a polícia militar presente na atividade, 65 mil pessoas estavam reunidas nas ruas da capital.

"Esta 7º marcha é a maior de todas as marchas. Alguns falam em 60, 65 mil pessoas presentes. É uma marcha de muita repercussão, de muita qualidade, e que tem bandeiras focadas no trabalho. Ela inaugura o ano de 2013 colocando um forte protagonismo político dos movimentos sociais", concluiu Divanilton Pereira. 

Ao final do dia, após encontros com parlamentares, os dirigentes sindicais, homens e mulheres, entregaram à presidenta Dilma o documento que contém as reivindicações dos movimentos sociais do país.

Centrais de luto

Todas as centrais sindicais se manifestaram, por meio de nota ou dando declarações, diante da perda do líder venezuelano Hugo Chávez.

“Em seu governo, Chávez demonstrou que é possível crescer combatendo a miséria e privilegiando o povo: os venezuelanos abaixo da linha da pobreza eram quase metade da população e passaram para 27,8% durante seu governo. A taxa de mortalidade infantil diminuiu de 27 por mil para 14 por mil. O acesso à água potável subiu de 80% a 92% da população e o consumo de alimentos cresceu 170%”, quantificou a nota da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Já a Força Sindical, além de lamentar, pediu a máxima atenção a esse momento de transição para que todo o processo democrático seja de fato respeitado.

"Lamentamos a morte de uma grande liderança da América Latina e também esperamos que o processo democrático na Venezuela seja respeitado, seja cumprido o que determina a Constituição do país. Que a transição seja feita dentro do esperado e de forma pacífica", declarou ao Vermelho Nilton Neto, secretário de Relações Internacionais da Força.

Neto frisou o papel articulador e incentivador da unidade latino-americana que Chávez desempenhou, sendo importante no processo de desarticulação da Alca.

"O Brasil e outros países da América Latina, que vivem um bom momento politicamente, devem muito a Chávez. Ele foi um grande incentivador da unidade latino-americana, desde a criação do Mercosul. Sabemos das dificuldades em incentivar as relações comerciais na região. Antes, privilegiávamos a relação com países do Norte ou europeus, esquecendo de trabalhar em conjunto com os parceiros vizinhos. Também vale lembrar que Chávez foi um dos grandes protagonistas na derrota da Alca. É inegável isso", reconheceu o secretário da Força Sindical.

Deborah Moreira
Da Redação do Vermelho

Ouça a entrevista com Divanilton Pereira, da CTB: