Tunísia: Sexta-feira com crise política e greve geral
Após o assassinato de Chokri Belaïd, a crise governamental aprofunda-se na Tunísia, enquanto os protestos populares se multiplicam. O primeiro-ministro Hamadi Jebali (do partido islamista Ennahdha) anunciou nesta quinta-feira (7) a formação de um governo de “tecnocratas”, para governar até à realização de eleições.
Publicado 07/02/2013 16:58
Rached Ghannouchi, líder do mesmo partido, recusa a proposta de Jebali. Nesta sexta-feira, realiza-se uma greve geral, convocada pela central sindical UGTT.
O assassinato do líder da oposição de esquerda tunisina Chokri Belaïd, que era também advogado defensor dos direitos humanos, levou a múltiplas manifestações de indignação e revolta. Na capital, milhares de pessoas concentraram-se junto ao ministério do Interior no dia do assassinato e nesta quinta-feira nova manifestação popular encheu a avenida Habib Bourguiba.
A polícia atacou os manifestantes com gás lacrimogêneo e os confrontos prolongaram-se. Os protestos fizeram igualmente sentir-se noutras cidades. Várias sedes do partido islamista Ennahda foram destruídas, principalmente em Sidi Bouzid e Gafsa.
A central sindical UGTT, que tem mais meio milhão de filiados, decidiu convocar para sexta-feira (8), uma greve geral em todo o país. Esta convocatória segue-se ao apelo já feito por vários partidos de esquerda.
A central sindical decidiu também decretar dia de luto nacional para a próxima sexta-feira, em que se realiza o funeral de Chokri Belaïd.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro Hamadi Jebali (do partido Ennahdha) anunciou a formação de um governo de tecnocratas para gerir os assuntos correntes até à realização de eleições, para ultrapassar a crise governamental. Jebali declarou que o assassinato de Chokri Belaïd acelerou a sua decisão, pela qual assumiu a total responsabilidade.
Porém, nesta quinta-feira, o partido islamista Ennahda desautorizou o seu primeiro-ministro e recusou a constituição de um governo de tecnocratas para preparar eleições. O vice-presidente do Ennahda, Abdelhamid Jelassi, declarou que “o primeiro-ministro não pediu a opinião do seu partido” e disse que o Ennahda vai “prosseguir as discussões com outros partidos para a formação de um governo de coligação”. A posição do Ennahda tem o suporte do líder do partido, Rached Ghannouchi, e do Presidente da Tunísia, Moncef Marzouki.
Moncef Marzouki encontrava-se no Cairo para participar da Cúpula da Organização da Cooperação Islâmica e regressou à Tunísia nesta quinta-feira. O presidente considerou que o assassinato de Chokri Belaïd foi “um crime odioso para lançar o povo tunisiano na violência”.
Os partidos de esquerda responsabilizam o Ennahda pelo clima de violência e as milícias islâmicas pelo assassinato.
Fonte: Esquerda.net