EUA e Coreia do Sul realizam exercícios militares conjuntos
Os esforços de mediação política dos membros das Negociações de Seis Partes coincidiram com o ensaio militar que se desenrola entre Seul (capital da Coreia do Sul) e Washington, na segunda-feira (4), enquanto a possibilidade de outro teste nuclear de Pyongyang (capital da Coreia do Norte) paira sobre a península coreana.
Publicado 05/02/2013 15:00
As Negociações de Seis Partes centram-se na questão nuclear e envolvem a Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão, Rússia, China e EUA, e são uma alternativa à retirada, por parte da Coreia do Norte, do Tratado de Não Proliferação Nuclear, em 2003.
Wu Dawei, representante especial do governo chinês, trocou comentários com seu homólogo da República da Coreia, Lim Sung-nam, sobre a recente situação na península, segundo a agência de notícias Yonhap.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, pediu às partes para evitarem a escalada das tensões na atual e sensível situação, pedindo cautela. “Manter a paz e a estabilidade é de interesse de todas as partes”, ela disse.
A China tem feito grandes esforços para persuadir a República Democrática Popular da Coreia (Coreia do Norte) a frear seu programa nuclear, mas apenas esses esforços não serão tão efetivos quanto a República da Coreia (Coreia do Sul) e seu aliado, os EUA, esperam, disseram observadores.
“Beijing (Pequim) não vai simplesmente fazer parte da aliança de Seul, embora a Coreia do Sul tenha tido esse objetivo”, disse Huang Youfu, professor da península coreana na Universidade Minzu, da China. “Se Pyongyang já se decidiu sobre conduzir o teste [nuclear], a persuasão da China não vai funcionar”, disse, concluindo ainda que a questão nuclear na península não é provocada apenas por Pyongyang, e a China sozinha não pode resolvê-la.
Wang Junsheng, pesquisador em estudos do Leste Asiático na Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que Pyongyang está atrás de um tratamento mais igualitário, por parte dos EUA, com relação a Seul, e de respeito por suas preocupações com segurança.
Exercícios conjuntos
Entretanto, a Coreia do Sul e os EUA começaram um exercício naval conjunto de três dias envolvendo um submarino nuclear estadunidense, o que foi interpretado por analistas como mais uma provocação contra o norte.
Yonhap citou na sexta-feira (1º) o presidente da Comando Conjunto do Estado-Maior, general Jung Seung-jo, que disse que os exercícios conjuntos têm como objetivo a prevenção contra possíveis provocações da Coreia do Norte envolvendo submarinos.
"O exercício inclui um treinamento operacional em alto mar, detectando e localizando um submarino, combates antiaéreos, antinavios e antimísseis”, a Yonhap citou um oficial declarando. O exercício está focando em Pyongyang, mas dificilmente atuará como dissuasão às tentativas nucleares da Coreia do Norte, disse Huang, completando que o plano nuclear dá a Washington um pretexto para aumentar sua presença militar no leste da Ásia.
A Coreia do Norte declarou que conduzirá um terceiro teste nuclear, depois de o Conselho de Segurança da ONU ter passado uma resolução que expandia as sanções contra Pyongyang pelo foguete que lançou em 12 de dezembro de 2012.
De acordo com uma reportagem da Yonhap, de segunda-feira (4), Pyongyang denunciou as sanções da ONU como um “grave obstáculo” para suas tentativas de reconstruir a economia, e disse ainda que estas sanções não vão funcionar, mas só determinar sua decisão de fortalecer ainda mais suas capacidades de autodefesa.
Huang disse ainda que Pyongyang está investindo em armas nucleares porque se confronta com dificuldades em sua economia em desenvolvimento sob sanções, e que essa mentalidade é bastante perigosa. A Agência de Notícias Central Coreana, do norte, reportou no domingo (3) que o líder máximo de Pyongyang, Kim Jong-un, havia presidido um encontro de alto nível com oficiais militares para discutir uma “grande virada” no fortalecimento das capacidades militares e divulgaram diretrizes importantes para os altos oficiais.
Shi Yuanhua, diretor do Centro de Estudos Coreanos, do Instituto de Estudos Internacionais, na Universidade Fudan, de Xangai, disse que o lançamento do primeiro foguete sul-coreano, Naro, na semana passada, provocou a Coreia do Norte e causou a resistência de Pyongyang.
O novo secretário de Estado dos EUA, John Kerry, falou com seu homólogo sul-coreano na segunda-feira (4), e “concordou sobre a necessidade de Pyongyang entender que enfrentará consequências significativas da comunidade internacional se continuar com seu comportamento provocativo”, segundo a agência Associated Press (AP). O secretário de Estado não falou, porém, do comportamento sul-coreano ao lançar seu foguete e realizar exercícios militares regulares na fronteira com o norte.
Da Redação do Vermelho,
Com China Daily