Evo denuncia "reunião de surdos" na Cúpula Celac-UE
O presidente da Bolívia Evo Morales denunciou que a 1º Cúpula Celac-UE foi uma reunião de "surdos", que marginalizou o debate sobre os textos aprovados no fórum, documentos que o mandatário considerou insuficientes em questões sociais e de soberania.
Publicado 28/01/2013 10:24
"Queremos expressar nossa enorme preocupação porque o grupo não foi consultado, mas comunicado, o que não costumam fazer os anfitriões destes fóruns", advertiu em uma coletiva de imprensa em referência ao encontro no qual os mandatários de ambos blocos deveriam ter a oportunidade de expressar suas posições sobre os diferentes temas da agenda.
Segundo Morales, os vínculos entre a União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) exigem um cenário de confiança, por terem um passado de invasão, colonização e furto.
"Por isso temos muitas diferenças com países europeus e alguns latino-americanos", afirmou pouco depois do encerramento da 1ª Cúpula Celac-UE no centro de eventos Espacio Riesco, bo Chile, à qual assistiram cerca de 60 delegações de alto nível.
O fórum aprovou no sábado a Declaração de Santiago e um Plano de Ação, que deveriam guiar as atividades destinadas a "relançar a aliança estratégica" birregional com questões como os investimentos e o desenvolvimento sustentável.
Para Morales, a integração entre a Celac e a UE deve ser caracterizada pela complementariedade e não pela competitividade, que "deixa ganhadores e perdedores, e sobrevive o mais forte".
"Precisamos de sócios e não de donos que venham saquear nossos recursos naturais", sentenciou.
Ele também mencionou denúncias que devem ser escutadas para "o bem das relações internacionais", como a soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas ocupadas pelo Reino Unido e a necessidade do Chile devolver uma saída soberana ao oceano Pacífico para a Bolívia.
O presidente boliviano afirmou que os instrumentos para avançar a um futuro conjunto devem também considerar os movimentos sociais.
Sobre o tema, Morales apresentou os seis desafios que considerou que a Celac e a UE devem enfrentar para promover uma relação de iguais baseada no respeito à soberania.
A agenda inclui o combate ao narcotráfico com responsabilidade compartilhada entre os Estados, a busca de soluções à crise econômica e financeira que não impliquem em corte dos benefícios sociais, e o respeito ao meio ambiente, entendido como a não mercantilização da natureza.
Na proposta também aparece deter as guerras e intervenções para promover a paz e reduzir as despesas militares multimilionárias, elaborar um novo modelo de integração birregional caracterizado pela complementariedade, e promover investimentos com transferência tecnológica e de conhecimento.
"Precisamos na América Latina e no Caribe de investimentos, mas não que venham saquear nossos recursos", afirmou.
Fonte: Prensa Latina