Meteorologia prevê poucas chuvas no Ceará em 2013

Condições oceânicas e atmosféricas explicam a previsão preocupante para os meses de fevereiro a abril.

“O quadro é preocupante”. Foi a afirmação mais objetiva com que o presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio, resumiu o novo prognóstico climático para os próximos três meses no Ceará: 45% de probabilidade de chover abaixo da média, 35% de chover na média e 20% de chover acima da média. Então, a previsão é de 80% de chuva da média para baixo. Os números falam mais quando se somam ao quadro de seca de 2012. Na segunda-feira, começa a entrega de sementes em todo o Estado.

Logo após o anúncio foi realizada reunião extraordinária do Comitê Integrado de Combate à Seca. Numa das medidas práticas consequentes, pode haver redução na disponibilidade de água para alguns perímetros irrigados no interior.

Porque a ciência é exata, mas números de previsões são relativos, é sempre de forma ponderada que o prognóstico de chuvas é anunciado pela Funceme. Grosso modo, os números de 2013 são piores do que no ano passado. Basta perceber que a possibilidade de chover abaixo da média superou a de chover na média histórica. Entretanto, o quadro oferece diversas perspectivas. Uma delas é que pode chover mais do que em 2012 e, ainda assim, corresponder à possibilidade abaixo da média.

Prejuízos

Chovendo pouco, mas de forma bem distribuída, vale mais que chovendo um pouco mais de forma irregular.

Mas as ponderações não fazem esquecer uma triste realidade: antecipando essa tendência, 2012 foi um dos anos mais secos das últimas três décadas já observadas. Prejuízo na safra, gado morrendo e colapso no abastecimento em diversas regiões.

A nova previsão da Funceme também inaugura uma nova metodologia, baseada em modelos climáticos globais usados no CPTEC, INMET e Funceme, o que permite maiores especificidades no prognóstico da região. “A gente mudou a metodologia para que haja um grau menor de subjetividade”, afirma Eduardo Sávio, que ressaltou a importância, mais do que nunca, de se realizar reuniões do Comitê Integrado de Combate à Seca. A Funceme atualizará, mês a mês, o prognóstico apontado.

Uso da água

A previsão de poucas chuvas, portanto com tendência a uma nova seca, fez subir o alerta na Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O efeito prático será uma convocação dos perímetros irrigados quanto ao uso racional da água, especialmente onde as reservas estão mais baixas. Um dos principais pontos é a Bacia do Curu, que está com apenas 22% de reserva hídrica para atender abastecimento humano e agricultura.

“Vamos pedir maior inteligência dos usos”, afirma o coordenador Rennys Frota. Ele assegura que não haverá desabastecimento na Região Metropolitana de Fortaleza e no Complexo Portuário do Pecém. A Cogerh, inclusive, tem hoje um de seus maiores orçamentos, de R$ 60 milhões.

O secretário do Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, fez o apelo para que os agricultores busquem seus boletos do Seguro Safra nos escritórios da Ematerce ou nas prefeituras municipais.

Dos 311.682 mil agricultores cadastrados, apenas 39 mil iniciaram os pagamentos das parcelas de R$ 9,50.

Fonte: Diário do Nordeste