Europa pode aprender com a Celac, diz acadêmico francês
"A próxima cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) permitirá à União Europeia (UE) compreender que existem alternativas à austeridade para enfrentar a crise", disse nesta segunda o acadêmico francês Salim Lamrani.
Publicado 21/01/2013 12:46
Em entrevista à Prensa Latina, o jornalista, escritor e professor da Universidade Paris-Sorbonne observou que, na reunião, marcada para 27 de janeiro, em Santiago do Chile, se encontrarão duas filosofias e dois projetos de sociedade diferentes.
"A Europa tem muito a aprender com a nova América Latina, representada por Brasil, Venezuela, Bolívia, Argentina e Equador, entre outros, em termos de luta contra o mundo financeiro e de recuperação da soberania", disse Lamrani.
Esses países conseguiram reduzir o peso da dívida e aliviar a opressão dos organismos multilaterais de crédito, sem a aplicação de medidas de austeridade extremas, ao contrário do que está acontecendo na zona do euro, lembrou.
Ele observou que, enquanto em muitas nações da Celac se trabalha para colocar o ser humano no centro do projeto social, na UE tudo está concebido para favorecer os grandes grupos financeiros, ao custo de sacrificar centenas de milhares de famílias na Grécia , Espanha ou Portugal.
A Comunidade de Esatdos Latino-Americanos e Caribenhos foi fundada na Venezuela, em dezembro de 2011, e envolve 33 países das Américas, com exceção dos Estados Unidos e Canadá.
Esta organização, disse Lamrani, permite que as pessoas da região baseiem suas relações na solidariedade, reciprocidade e integração, para resistir aos desígnios hegemônicos de Washington.
Trata-se, afirmou, de um passo em direção a um tipo de segunda independência do continente, o que abre a porta para o desenvolvimento de políticas econômicas e sociais comuns, alternativas ao neoliberalismo.
Após a reunião com a União Europeia, os membros da Celac celebrarão a sua primeira reunião de cúpula anual, onde o Chile entregará a Cuba a presidência rotativa do grupo.
"Cuba sempre foi um símbolo de emancipação, independência e dignidade da América Latina e é lógico que assuma a liderança desta organização", disse Lamrani.
Ele acrescentou que o prestígio da Revolução é muito grande, porque não só conseguiu a consolidação de uma nação soberana onde reina a justiça social, mas fez da solidariedade um eixo da sua política internacional.
"Cuba não fornece os seus excedentes, mas compartilha o pouco que tem com a humanidade. As nações mais ricas do mundo devem seguir o mesmo caminho", disse ele.
Fonte: Prensa Latina