Morre jovem estuprada por gang na Índia

A jovem cujo estupro por uma gangue desencadeou protestos e um debate nacional sobre a violência contra as mulheres na Índia morreu neste sábado (29), provocando ações para garantir segurança na capital, Nova Délhi, e a confirmação, por parte do primeiro-ministro indiano, de que uma mudança social é necessária.

Índia protesto contra estupros

Se preparando para uma nova onda de protestos, as autoridades indianas mobilizaram milhares de policiais, fecharam 10 estações de metrô e proibiiu que veículos de algumas estradas principais circulem no centro de Nova Délhi, onde manifestantes convergiram desde o ataque para exigir garantias dos direitos das mulheres e punição dos estupradores. Centenas de pessoas realizaram protestos pacíficos na manhã de sábado (29).

A estudante de medicina de 23 anos de idade foi espancada, estuprada e jogada para fora de um ônibus em movimento, em Nova Délhi, em 16 de dezembro, havia sido levado para um hospital em Singapura em um estado crítico.

A intensa cobertura midiática do ataque e o uso de mídias sociais para galvanizar os protestos, principalmente por jovens estudantes de classe média, forçou os líderes políticos a enfrentar algumas verdades desconfortáveis sobre o tratamento de mulheres na Índia.

A maioria dos crimes sexuais na Índia não são relatados, muitos infratores ficam impunes e as rodas da justiça giram devagar, de acordo com ativistas sociais que dizem que os sucessivos governos têm feito muito pouco para garantir a segurança das mulheres. O corpo da jovem deve ser levado de avião de volta à Índia ainda neste sábado.

Abandono e suicídio

Outro caso semelhante revela a conivência policial com a violência contra as mulheres. Uma menina indiana de 17 anos, outra vítima de estupro coletivo, se suicidou depois que a polícia a pressionou a abandonar o caso e se casar com um de seus agressores. O ataque ocorreu durante o festival de Diwali, em 13 de novembro, na região de Patiala no Punjab. Um policial foi demitido e outro suspenso.  A adolescente foi encontrada morta na noite de quarta-feira (26), após ingerir veneno.

O inspetor-geral, Paramjit Singh Gill, disse que a adolescente "ficou andando de um lado para o outro para que seu caso fosse registrado", mas os policiais não abriram um inquérito formal. "Um dos policiais tentou convencê-la a retirar a queixa", disse Gill. A irmã da vítima contou à rede de televisão indiana "NDTV" que propuseram à adolescente aceitar uma quantia em dinheiro como acordo ou se casar com um de seus agressores. A Pess Trust of India também relatou que um policial foi suspenso por supostamente se negar a registrar uma queixa de estupro no estado de Chhattisgar (norte). A irmã da vítima levou o caso ao oficial local de maior patente e foi iniciada uma busca por seu agressor, um condutor de riquixá.

Epidemia de atentados contra mulheres

As autoridades e a policia indiana são é acusadas pelos manifestações de não levar a sério as denúncias de estupros e agressões sexuais no país onde mais de 90% dos crimes violentos registrados em 2011 tiveram como vítimas uma ou várias mulheres. Números oficiais mostram uma verdadeira epidemia de atentados contra julheres. Dos 256.329 crimes violentos ocorridos na Índia no ano passasdo, 228.650 foram contra as mulheres, dizem as estatísticas oficiais. O número real, contudo, pode ser muito mais alto, já que muitas mulheres hesitam em denunciar os ataques à polícia.

Atualizada em 29/12/2012,às 12h29

Fonte: Reuters e agências