Segundo bebê de mãe aos 61 anos recebe alta; caso dá esperança

O segundo bebê de Antônia Letícia Asti, mulher que deu à luz um casal de gêmeos aos 61 anos, recebeu alta na manhã desta quinta-feira (27), em Santos, litoral de São Paulo. Antônia realizou o sonho de ser mãe no dia 23 de outubro, após uma espera de 20 anos realizando tratamento. De acordo com a equipe médica que assistiu à gravidez, é uma esperança para quem pretende ter filhos mesmo com idade avançada.


Antônia e José e os filhos Sofia e Roberto / foto: Jonatas Oliveira/G1

Sofia e Roberto nasceram às 22h30 do dia 23 de outubro, na maternidade do Hospital São Lucas. Os bebês nasceram de cesárea pesando cerca de 900 gramas cada um e passam bem. A mãe precisou ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante 24 horas para estabilizar a pressão, mas já foi encaminhada para o quarto. O parto precisou ser adiantado por causa de uma hipertensão severa da mãe, e acabou acontecendo com apenas 31 semanas. Ainda não há previsão de quando eles receberão alta médica.

Segundo relato do ginecologista Orlando de Castro Neto, ele conhece Antônia desde 1992, quando ela procurou ajuda para engravidar pela primeira vez. Nesses 20 anos, foram três tentativas de fertilização e uma tentativa de adoção frustradas.

“No processo natural, a gente não obteve resultado. Então, há 10 anos ela partiu para uma fertilização in vitro. Ela fez três tentativas que não deram resultado. Já que nem naturalmente nem através de fertilização deu resultado, ela partiu para uma adoção. E o processo de adoção foi negado pelo fator da idade”, afirmou Orlando.

A quarta tentativa de fertilização só foi um sucesso por causa de uma intervenção do médico. "Criamos um endométrio favorável e fizemos uma inseminação com dois embriões. Graças a Deus, dessa vez deu certo. Se há 10 anos não tivemos sucesso em nenhuma das três tentativas, nessa, na primeira tentativa, deu certo. Por ser uma gestação gemelar de um menino e uma menina, foi super hiper gratificante”, comemorou o médico.

Para Orlando de Castro Neto, a idade não atrapalhou nesse processo. “A idade não pesou em nada. A única condição é ter útero. Hoje em dia, por meio de medicamentos, você consegue fazer o processo. Até o sexto mês ela não deu nenhum trabalho, tinha uma hipertensão leve que foi controlada, mas ela me deu muito menos trabalho do que grávidas bem mais jovens”, relata Neto.

“Acho que o fator de limitação é o histórico clínico da mulher. Isso revela uma esperança para quem já passou dos 40 e fica preocupado se vai ter filho com algum mongolismo. Acho que serve de esperança para aquelas pessoas de mais idade que pretendem ainda engravidar”, diz o obstetra.

O caso ganhou repercussão internacional, sendo noticiado por um jornal britânico, o Daily Mail, que destacou o feito.

"Estou muito feliz. Realizei o meu sonho de ser mãe. Agradeço a Deus e ao médico. Lutei bastante mas, graças a Deus consegui. Todos que querem uma vitória precisam lutar. Em nenhum momento pensei em desistir. Sempre quis ser mãe. A gente não tinha muitas condições, mas economizamos muito para poder realizar o nosso sonho", disse Antônia.

Apesar da idade avançada, Antônia se considera muito bem e apta para cuidar e dar muito amor para as crianças. "Estou ótima. Tenho muita disposição para cuidar deles. Não me considero com 61 anos. Acho que a minha data de nascimento está errada", brincou.

Os médicos enfatizaram que Roberto, o bebê que recebeu alta nesta quinta, está com a saúde perfeita e que os dois meses de internação fazem parte do procedimento normal para prematuros.

"Após dois meses de internação do hospital, os bebês estão sendo entregues aos pais. O Roberto teve uma pequena hemorragia e precisou ficar alguns dias a mais do que a Sofia. Eles pesaram em torno de 1kg quando nasceram e tiveram alta com 2,5 kg. O tempo de internação é um padrão. Os dois bebês estão absolutamente normais e sem nenhuma sequela", explica o chefe da UTI neonatal, Sérgio Luiz de Almeida.

Já obstetra Orlando de Castro Neto ressaltou que os dois darão conta do recado e que a idade que conta não é só a física: "Correu tudo nos padrões de normalidade para uma prematuridade. Não tenho a menor dúvida de que ela será uma excelente mãe e ele um excelente pai. As crianças estão indo para casa em perfeitas condições de saúde. Não é só a idade física que conta, a idade espiritual e a idade mental também é muito importante. Com certeza os dois, com esse gás novo na vida deles, serão o melhor pai e a melhor mãe de todos os tempos. A sensação é de felicidade de ter sido o instrumento para dar esse presente de Natal e Ano Novo para eles".

Com G1