Daniel quer medidas do governo para proteger indústria calçadista
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) afirmou, nesta terça-feira (18), que o descontrole dos produtos que entram no País afeta a manutenção do emprego no setor calçadista. O parlamentar disse, durante audiência pública da Comissão de Trabalho, que debateu a crise no polo calçadista da Bahia, que vai buscar solução para o problema junto aos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Fazenda.
Publicado 19/12/2012 10:06
"Há necessidade de medidas mais efetivas para impedir que este calçado que vem de fora, fabricado na China, mas que chega por outros caminhos, pela Malásia, Indonésia, Vietnã, continue a chegar aqui", afirmou o parlamentar que quer impedir as demissões em massa que ocorrem no setor calçadista na Bahia.
Daniel Almeida já elaborou dois requerimentos para levar à Comissão de Trabalho o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o ministro de Desenvolvimento, Fernando Pimentel, para debaterem o assunto.
Segundo ele, os dados técnicos apresentados na audiência demonstram que é preciso uma decisão política para solucionar o problema da competição que prejudica a indústria nacional. “A Presidenta Dilma tem tomado medidas corajosas para favorecer a produção, mas talvez não tenha elementos sobre especificidades , que se não for atacado agora pode se tornar problema maior”, avalia o parlamentar, demonstrando disposição para municiar o governo com os dados sobre a situação da indústria calçadista baiana ameaçada de “quebrar pela invasão chinesa”.
Demissões em massa
A empresa Azaléia pode demitir nos próximos meses cerca de 3.500 funcionários com o fechamento de 12 unidades de produção no interior do estado. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Econômico, o Brasil aumentou em 62% a importação de calçados esportivos.
Denúncia da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados afirma que países como a China praticam a triangulação. Nesse processo, sapatos chegam a outros países para serem exportados sem as taxas antidumping, que previnem a venda desleal de produtos abaixo do preço no mercado doméstico.
O presidente da Associação, Milton Cardoso, alega que esse é o fator principal na quebra das empresas: "Os sapatos deixaram de vir da China montados. Eles estão vindo desmontados ou com outras certidões de nascimento, e o Brasil continua importando e tomando o emprego do brasileiro".
O Ministério de Desenvolvimento Econômico alega que uma série de isenções já foram garantidas ao setor. A mais recente deve aumentar de 18% para 25% o valor dos impostos para os países que importarem as partes comercializadas separadamente pela China.
Cidade afetada
A cidade mais afetada pelas demissões é Itapetinga, que fica a 560 km de Salvador. O Secretário do Trabalho e Emprego da Bahia, James Correa, disse que o governo já forneceu todos os insumos possíveis para que as unidades continuassem a funcionar. Agora eles atribuem a responsabilidade ao governo federal.
"A margem de manobra no que diz respeito aos tributos estaduais hoje é muito pequena. Já foi concedido não apenas em termos de benefício fiscal, mas também de apoio direto, por exemplo, com a concessão dos galpões onde funcionavam as empresas”, disse James. “Hoje se espera uma resposta por parte do MDIC para que de fato haja obstáculos a essa importação que é danosa à indústria nacional".
Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara