Heródoto Barbeiro: Santa exposição
O contribuinte deve estar satisfeito com o gasto do seu dinheiro para manter a TV. Alguns acham que há funcionários de mais, um ou outro apaniguado indicado por uma autoridade, mas o serviço que ela presta é de grande relevância para a cidadania e o desenvolvimento da democracia no Brasil.
Por Heródoto Barbeiro*
Publicado 27/10/2012 11:04
Desde que a TV Justiça entrou no ar melhorou o conhecimento da população em geral do poder judiciário, sobretudo do Supremo Tribunal Federal. Uma instituição para muitos desconhecida, para outros pouco conhecida. Aqueles homens com suas togas discutindo e votando em um local solene, aos poucos foi se tornando familiar para muita gente.
Depois de algumas sessões já era possível reconhecê-los pelo seu nome mais forte. Ela é a TV do poder judiciário, um dos três que formam a República Federativa do Brasil e nem sempre lembrado uma vez que, por questões históricas, ou de desconhecimento, poder lembra sempre o presidente da república. Desde que ela entrou no ar a cidadania brasileira ganhou um novo espaço.
É verdade que os temas tratados nem sempre são populares e no mais das vezes não atraem a atenção do público em geral. Mas há também no canal programas especializados que ajudam a formação de estudantes de direito e aprimoram advogados, prestação de serviços, noticiário diário e até mesmo dicas para se entender como funciona a justiça no Brasil.
É uma emissora pública subordinada a um dos poderes da república. Está à disposição de todos uma vez que é um canal aberto, está disponível no cabo e é facilmente captada nas milhões de antenas parabólicas espalhadas pelo Brasil. Mesmo nas casas mais pobres é possível ver a TV Justiça.
Com a transmissão na internet, sites reproduzem as imagens e ela se globalizou como todos os veículos de comunicação da atualidade. Pode ser acompanhada em qualquer lugar do mundo em um computador, tablet, lap top, celular, ou qualquer outro gadget internético.
Com o julgamento do mensalão a TV Justiça proporcionou um grande espetáculo. Foi possível acompanhar as denúncias do procurador geral da república, as defesas de advogados famosos e os debates entre os ministros. Julgamento com condenações, absolvições e o apenamento chamaram ainda mais a atenção do cidadão comum.
Graças a essa janela no Supremo qualquer um pode formar juízo sobre as ações de cada réu, apoiar ou criticar o julgamento dos ministros e se envolver no desenrolar do julgamento. Isto certamente contribuiu para as pessoas exercessem o seu espírito crítico, debatessem com seus amigos e emitissem um juízo sobre este ou aquele réu ou ministro.
Um exercício de educação e cidadania com uma forma pedagógica graças a televisão. Nunca tantos outros veículos de comunicação retransmitiram a TV Justiça como no caso do mensalão, o que a tornou ainda mais visível e familiar. O espetáculo teve um roteiro grandioso, atores motivados, direção competente e casa cheia em todas as sessões.
Um bom e santo espetáculo. Uma exposição midiática do bem. É possível, daqui para frente, antever que outros assuntos serão acompanhados pela população e a inércia cidadã do passado vai dar lugar a uma ação afirmativa em prol da construção de uma democracia que todos merecem.
Heródoto Barbeiro é jornalista e professor e atua no rádio e na TV há muitos anos.
Fonte: Blog do Barbeiro