PT aposta em mudança e rejeição ao candidato tucano em S. Paulo

Um candidato forte, um programa de governo que propõe mudança, somados ao cansaço da população paulistana dos últimos 8 anos de governo, com o desmonte do Estado, o acúmulo de promessas não cumpridas e a grande rejeição do candidato adversário. Esse foi o panorama dado na capital paulista pelo presidente do PT, Rui Falcão, e que, segundo ele, dará a vitória ao candidato petista.

“Estou muito otimista de que a boa aceitação de Haddad no primeiro turno e a grande rejeição que persegue o candidato adversário vai nos favorecer nesse debate [do 2º turno]”, declarou o presidente nacional do PT, durante coletiva de imprensa na sede municipal do partido, na tarde desta segunda-feira (8), para comentar os resultados do primeiro turno das eleições 2012, encerradas no domingo (7).

Para Falcão, que faz um balanço positivo do desempenho de seu partido em todo o país, o que diferencia o PT neste segundo turno paulistano é a soma desses diversos fatores. “Essas situações diferentes de períodos anteriores é que nos leva a supor que nós podemos ter um resultado mais favorável nessa eleição”, completou, lembrando que o PT sempre esteve no segundo turno nas últimas disputas municipais.

Com relação às alianças pelo Brasil, o petista não trouxe nenhum fato novo, além do que já é esperado. “Vamos dialogar e procurar, se for o caso, propostas compatíveis com nosso programa. E, naturalmente, além de buscar apoio dos partidos aliados, dialogar diretamente com os eleitores, uma vez que muitos dos quais não se movem por filiação partidária, mas por projeto, programa, pelo atendimento de determinada demanda de política pública”, explicou.

Já sobre o apoio do PRB de Celso Russomanno, derrotado nas eleições em São Paulo, Falcão advertiu que o que muitas vezes pode parecer natural em uma aliança nacional, pode não ser regionalmente.

“Nada é natural. É preciso dialogar. A expectativa é que por ser um partido que integra a base aliada do governo federal, possa haver uma proximidade, mas haverá um processo de negociação política que estamos procurando fazer desde já”, adiantou o presidente do PT.

Derrota de redutos tucanos

Na avaliação de Rui Falcão, o PT e o PSB foram os dois partidos que mais cresceram em todo país. Além de garantir o segundo turno numa disputa aparentemente apertada, segundo as pesquisas de intenção de voto que vinham sendo divulgadas, também houve vitórias importantes como em São José dos Campos, Jacareí e Ubatuba, e levou o candidato Isaac do Carmo para o segundo turno em Taubaté. Todas essas cidades ficam na região do Vale do Paraíba, reduto eleitoral do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Com relação ao embate que será travado em diversas cidades diretamente com o PSDB, Falcão lembrou que se tratam de dois projetos políticos diferentes: “Toda eleição [no segundo turno] é polarizada, principalmente quando é com adversário ao nosso projeto. Aqui em São Paulo será a discussão da continuidade ou da mudança. O projeto privatista ou o projeto que defende mais o papel do Estado como indutor do desenvolvimento”.

Na avaliação do petista, PT e PSB foram os dois partidos que mais cresceram – além do PSD que surgiu no país com força, se tornando o quarto partido com mais prefeituras. Atualmente são 624 prefeituras petistas, segundo avaliação parcial. O número pode subir para 627, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que divulgará resultados finais hoje à noite. Já o PSDB e PMDB perderam prefeituras, mas o PMDB continua sendo a legenda que mais possui prefeitos eleitos.

Na Bahia, onde disputará o segundo turno com Nelson Pelegrino, tendo como vice a comunista Olívia Santana, o PT possui até agora 92 municípios.

“Conquistamos oito cidades no primeiro turno e disputamos agora 22 cidades no segundo turno. Somos o partido que teve o maior número de votos na eleição. Crescemos no número de prefeitos, conforme prevíamos, no número de vereadores e vice-prefeitos. E se somarmos vice-prefeitos de chapa pura com vice-prefeitos de aliados, estaremos presentes em 1.119 municípios”, relatou.

No Ceará, o número de municípios comandados pelo PT dobrou, além de garantir o segundo turno em Fortaleza. Em Minas Gerais, que é onde o PT tem o maior número de prefeituras até agora (114), o presidente amenizou as críticas por conta do racha com o PSB de Márcio Lacerda, ressaltando a recomposição da unidade do partido na capital mineira.

“São resultados que a gente festeja porque eles significam, se nós somarmos a esses resultados a votação dos partidos aliados, significa que o projeto da presidenta Dilma, o projeto do PT, o projeto do presidente Lula foi consagrado nesse primeiro turno”, declarou Rui Falcão.

Contagem

O presidente do PT lembrou que nas cidades onde houver disputa com partidos aliados, o embate será mais centrado em projetos locais, tendo em vista que as legendas fazem parte do mesmo projeto de país. Em Contagem (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, onde disputam Durval (PT), com 31,33% dos votos, e Carlin Moura (PCdoB), que obteve 37,88%, destacou que se trata de uma disputa entre parceiros.

“Onde houver a disputa com o PMDB, por exemplo, se dará em outro nível mais centrado em projetos locais, já que o PMDB está inserido nesse projeto, com suas características próprias. Onde houver uma disputada, por exemplo, com o PCdoB, como temos em Contagem, vai ser um debate entre parceiros. E ai as questões locais vão certamente se sobrepor, já que no projeto nacional ambos estão no mesmo campo", detalhou.

Na capital paulista, no entanto, Falcão reforça que haverá sim um grande debate sobre os dois projetos que estão propostos: "O debate do projeto será bastante acirrado e nós esperamos que seja assim para que a disputa não 'descambe' para o plano pessoal, nem tampouco para o fundamentalismo, como foi a disputa presidencial, como foi da parte do nosso adversário".

Com relação à participação da presidenta Dilma nas campanhas, ele reafirmou que a tendência é que a presidenta participe das candidaturas onde não haja conflito com partidos da base aliada.

Deborah Moreira
da Redação