Russomanno pagou funcionária particular com dinheiro público
No dia 8 de agosto, Celso Russomanno cumpriu um compromisso dissociado da agenda de candidato. Compareceu à 43ª Vara do Trabalho de São Paulo. Ali, defrontou-se com Fabiane Ensinas Brejan, uma ex-funcionária de suas empresas que movia contra ele uma ação trabalhista.
Publicado 15/09/2012 18:46
Russomanno celebrou com Fabiane um desses acordos que, como telerepórter, ele costuma classificar de “bom para ambas as partes.” Em troca do encerramento da demanda, o candidato do PRB concordou em pagar à ex-funcionária uma indenização de R$ 205 mil. A coisa morreria aí não fosse um detalhe.
Os repórteres Leopoldo Mateus e Angela Pinho relatam: Fabiane conta na ação que seu nome figurou na folha de salários da Câmara dos Deputados por quatro meses –de setembro de 2010 a dezembro de 2010. Embora trabalhasse nas empresas de Russomanno, recebia pelo gabinete do então deputado: R$ 3.141,62 mensais.
Segundo relata Fabiane na ação, havia no gabinete de Russomanno mais 12 funcionários na mesma situação, “inclusive alguns domésticos”. Gente com a situação trabalhista irregular que Russomanno acomodava na folha da Câmara, de modo a assegurar que os salários saíssem das arcas públicas.
Fabiane tabalhou para Russomanno por quase oito anos. Alegou na ação que, entre o final de 2004 e o começo de 2012, foi submetida a assédio moral. Segundo consta dos autos, o chefe Russomanno frequentemente a chamava de “burra” e “anta”. Algo que lhe teria afetado a saúde.
A ex-funcionária de Russomanno pôs à disposição da Justiça “um robusto material gravado”. Não foi preciso usar. Por alguma razão, Russomanno entendeu que deveria fechar um acordo que fosse bom também para ele.
Vai pagar os R$ 205 mil a Fabiane em dez parcelas. Desse total, R$ 62.300 referem-se a uma indenização pelo assédio moral. O resto diz respeito ao passivo trabalhista: R$ 109.700 de férias, R$ 12.300 de FGTS não depositado, R$ 11.800 de vale-refeição, R$ 5.700 de multa.
Russomanno concordou em pagar até uma indenização de R$ 3.100 por ter prometido a Fabiane uma bolsa de estudos e não ter honrado a promessa. Resolvida a encrenca quanto ao interesse das partes, fica boiando na atmosfera uma indadação: e quanto ao contribuinte, como repará-lo pelas suspeitas de violações praticadas na Câmara?
Na ação trabalhista, Fabiane requereu que os fatos narrados fossem informados ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral. Algo que, por ora, não foi feito. A Câmara informou que, de fato, o nome de Fabiane constrou da folha salarial da Casa. Procurado, Russomanno absteve-se de fazer comentários.
Fonte: UOL