Bancários aprovam greve na Bahia a partir de terça

Em assembleia realizada nesta quarta-feira (12/09), como já era de se esperar, os bancários rejeitaram a proposta de 6% de reajuste salarial apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), após quatro semanas de negociação, e aprovaram greve por tempo indeterminado a partir de terça-feira (18/09) e nova assembleia na segunda (17/09), para organizar a paralisação no Estado. A categoria assumiu ainda o compromisso de mobilizar os colegas para que o movimento já comece intenso na Bahia.

Os trabalhadores destacaram que, além de muito aquém do esperado, a proposta inclui a desvalorização da categoria, pois não repõe a perda salarial, que chega a 90% na média, desde o governo FHC. Para os bancários, este ano é preciso que a greve seja forte para enfrentar os banqueiros, que já começaram a mostrar o lado terrorista e forçaram a radicalização. Para a categoria, é indispensável que se conquiste nessa campanha o fim do assédio moral, isonomia e a recuperação das perdas, que parece impossível diante do aumento real oferecido, de 0,58%.

De acordo com o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza, que participa do processo negocial, a indicação do Comando Nacional de aprovar a paralisação tantos dias antes, tem dois objetivos. Um é cumprir as determinações legais de antecedência de 72 horas de aviso prévio, para que o banco não tente entrar com dissídio contra a greve, e o outro é ampliar o canal com a população, conquistando mais apoio e assim pressionar os bancos.

“A radicalização é necessária para desmascarar os banqueiros, que adotaram o discurso de que não é possível conceder aumento real por conta da redução dos juros imposta pelo governo federal. O que é um verdadeiro absurdo, pois a medida beneficia a população e não afeta o rendimento cada vez mais bilionário das empresas”.

Para o presidente do SBBA, Euclides Fagundes Neves, a hora é de lotar as assembleias e ampliar a unidade para que o movimento permaneça forte até o fim. “Temos que fazer uma grande mobilização para arrancar o máximo de benefícios dos bancos e garantir direitos”.

O bancário e deputado estadual Álvaro Gomes reforça que este é o momento mais importante do ano para os trabalhadores do setor financeiro e que se trata de uma ação nacional, da qual todos devem participar. “Os únicos responsáveis pela greve, última alternativa do segmento, são os próprios bancos. Vamos fazer uma paralisação combativa”.

Bancos públicos

Os empregados do Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste acreditam que a enrolação é mais uma estratégia para empurrar a negociação com a barriga e esperar a contraproposta da Fenaban, que foi insatisfatória. As direções do BB e da Caixa convocaram os representantes dos empregados para outra rodada nesta sexta (14/09), mas devem seguir a mesma linha da Federação dos Bancos e não apresentar nada de interessante.

A situação no BNB é um pouco pior. A instituição financeira desmarcou a conversação prevista para segunda-feira (10/09) e não deu previsão de quando o Comando Nacional de Negociação vai ser chamando novamente para sentar à mesa e discutir a pauta específica. “Já nos reunimos duas vezes com a diretoria do banco, explicamos os motivos de cada item da pauta, mas a empresa não se manifestou sobre nenhum”, explica o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia, Antônio Galindo. Ele destacou ainda a participação dos sindicatos do Rio Grande do Norte e do Maranhão, que agora participam da negociação, promovendo a unidade de todos os empregados, situação ímpar.

O vice-presidente do SBBA, Augusto Vasconcelos, ressalta que a pauta, aprovada no Congresso Nacional dos Empregados da Caixa, consta de 202 reivindicações, incluindo dois dos 10 direitos retirados dos empregados nos últimos anos: licença-prêmio e anuênio. Ainda na pauta, o pagamento de todas as horas extras trabalhadas e o fim da discriminação dos que não saldaram o Reg/Replan.

Diante da postura arbitrária do Banco do Brasil, o secretário-geral do SBBA, membro da Comissão de Funcionários, considera as rodadas realizadas até o momento como reuniões. “Em negociação, a gente negocia. Não pode o banco negar discutir tudo e só falar sobre o que quer, a exemplo da redução do número de avaliações pessoais para promoção por mérito de três para uma. Esperamos que na rodada desta sexta (14/09), seja apresentada uma proposta digna”. De acordo com o bancário, uma das principais bandeiras dos funcionários este ano é a retomada da licença-prêmio.

De Salvador,
Maiana Brito