Paulo Henrique Amorim: Dilma põe FHC no devido lugar: na direita
Uma das fraudes ideológicas da elite que se faz expressar no PiG [Partido da Imprensa Golpista] foi tentar transformar o retumbante sucesso do Governo do Nunca Dantes na consequência de: 1) uma maré internacional, que Lula soube surfar; 2) da herança bendita que recebeu do Plano Real (na verdade, lançado no governo Itamar, pelos ministros Ricúpero e Ciro Gomes).
Por Paulo Henrique Amorim*, no blog Conversa Afiada
Publicado 04/09/2012 11:10
Como disse a presidenta Dilma, na enérgica resposta ao leviano artigo de FHC no Estadão e no Globo (et pour cause, diria ele …) deste domingo – clique aqui para ler sobre o “tartufismo ilimitado” –, a herança que ela recebeu de Lula foi bendita.
Não só do ponto de vista da solidez da economia, como o respeito internacional – Lula não tirava os sapatos – e, mais do que isso, a promoção dos mais pobres.
(Como se sabe, os tucanos mais desprovidos de simancol dizem que eles é que lançaram o Bolsa Família. “Lançaram” e quase o matam de irrelevância. Mas, quando lançaram, copiaram de prefeitos do PT.)
Outra fraude da elite que se expressa no PiG foi tentar separar a Dilma do Lula.
E simular uma aproximação da Dilma com o FHC.
Confundiram “bons modos” com “todo modo”.
Era a tentativa de “desideologizar” a Dilma, apagar a VAR-Palmares e a tortura da biografia dela, o jovem brizolismo, para torná-la uma tecnocrata que preza, apenas, a eficiência e a boa gestão.
Uma espécie de Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Ou, a nova versão do João Paulo dos Reis Velloso.
A ideia era aproximar a Dilma dos “cheirosos”, imaculados, “os mais bem preparados”.
A rapaziada privata que transporta cavalo de avião.
Trazê-la para a “elite da elite” e circunscrever o Lula, solitário, na “galera corinthiana”.
Deram com os burros n’água.
Dilma já disse que tem lado.
O lado dos pobres.
O FHC, também.
O lado dos ricos.
Dilma deixou-o no espaço diminuto que, ao longo do tempo, curtido em ressentimento, FHC construiu para si próprio: o bairro elegante de São Paulo, que, sintomaticamente, se chama de “Higienópolis”.
Onde vive aquela classe média que a Marilena Chauí descreveu.
É ali que ele contempla a consagração de um nordestino, metalúrgico, sem dedo, que não fala inglês.
Um horror !
* Paulo Henrique Amorim é jornalista