PCdoB defende aumento dos investimentos para enfrentar crise
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, comentou nesta quinta-feira (30) as declarações do ministro da Fazenda Guido Mantega de que 2012 estaria sendo o pior ano da crise econômica internacional. Em matéria publicada no Portal Terra, Mantega afirmou que “em termos de gravidade, o que está acontecendo hoje é pior do que o que estava acontecendo em 2009".
Publicado 30/08/2012 19:57
Em entrevista ao Vermelho, o dirigente comunista explica que desde o início de 2011 o PCdoB tem alertado que a crise econômica estava entrando em uma segunda fase aguda. Segundo ele, a declaração do ministro está relacionada ao fato de a crise, que teve seu epicentro em 2008, nos Estados Unidos, ter se deslocado para a Europa.
“É uma crise sem alternativa, mesmo do ponto de vista do sistema capitalista. Ela se complicou mais na Europa porque estão em jogo interesses díspares da União Europeia – que não possui uma voz única. Já é uma situação difícil e não existe um centro que possa conduzir tudo isso, então as coisas se complicam ainda mais”.
Por se acumular, se aprofundar e se tornar cada vez mais complexa, a crise atinge hoje praticamente todos os países do mundo – alcançando nações que não foram tão afetadas na primeira fase, como a China, por exemplo. No caso do Brasil, Renato diz que o PCdoB defende o redirecionamento da política macroeconômica.
“A presidenta Dilma vem compreendendo isso, e percebemos que há um esforço nesse sentido. Mas essa mudança coloca em jogo interesses muito poderosos, não é um problema puramente econômico, é antes de tudo político.”
Renato afirma que, diante desse cenário, a necessidade da queda dos juros está ainda mais evidente. Ele explica que um esforço para uma redução ainda maior da taxa Selic praticada no país contribuiria também para o equilíbrio da questão cambial – outro aspecto da política macroeconômica. “Outra questão que se torna mais delicada, mas que também sustentamos, é o superávit fiscal. Já deveríamos ter boa parte desse superávit transferido para investimentos.”
Segundo o dirigente, esses fatores estão relacionados também ao que foi discutido na última reunião da Comissão Política do PCdoB [realizada no dia 24], e que debateu – entre outros assuntos – o desafio da elevação dos investimentos internos. Ele defende uma queda ainda mais acentuada na taxa de juros, um câmbio mais equilibrado e a falta da exigência de um superávit tão elevado. “Tudo isso em função de um aumento do investimento público, que é muito baixo, e de um aumento ainda maior do investimento privado, que precisa ser ampliado. Esse é o desafio para se enfrentar essa realidade de crise constatada pelo próprio ministro da Fazenda.”
Da Redação do Vermelho,
Mariana Viel