As novas vozes femininas IV: Ana Cristina e Aline Muniz

Duas novas vozes com escasso espaço na mídia comercial: Ana Cristina e Aline Muniz

Por Marcos Aurélio Ruy

1) Ana Cristina

Sente-se forte influência da bossa nova no trabalho da cantora e compositora carioca que tem a admiração de Roberto Menescal. Na apresentação do CD, ele diz que ela “é uma figura que merece estar nessa nova e boa safra de cantoras brasileiras que estão despontando pelo Brasil e pelo mundo”. Com o disco de estreia Acaso, Ana mostra talento de sobra para crescer. Além de bossa nova, canta sambas, valsas e outros ritmos e também compõe bem. Escolhi para mostra a faixa título do CD, de autoria de Ana Cristina.

Música

Acaso

Um chope num final de tarde
Andei sem ter nada pra fazer
O horário de verão ajuda
A curtir pela rua, sem nada a perder
O Rio anda tão bonito
com o seu céu rosado
e os meninos sarados
Que eu vejo num andar tranquilo
Da Gávea ao Leblon

Chega perto e diz sim com o olhar
Seus olhos gritam “to afim de algo mais”
Eu vou tentar guardar seu nome
Me dá seu telefone e anota o meu
Pra quem sabe depois talvez,
Se for bom, a gente se falar

É fim de tarde, Ipanema
Nem se vale a pena
me importar com o que eu ouvi
Parece que a cidade é pequena
Aquela gente é a mesma
que até ontem eu vi
E em meio a tantos desencontros paro
e me questiono se a gente ainda se vê
O acaso me espera ao acaso
pra me responder

 

2) Aline Muniz

Em seu segundo CD, Onde tudo faz sentido, Aline canta com alma e apresenta-se um tanto quanto intimista na maneira de interpretar suas obras e as de outros autores como Herbert Vianna, Guilherme Arantes e Moraes Moreira. A carioca tem talento de sobra para estar no time das grandes cantoras e com mais experiência firmar sua voz com mais segurança. Deste seu disco ouça Bloco do prazer, de Fausto Nilo e Moraes Moreira.

Música

Bloco do prazer

Pra libertar meu coração
Eu quero muito mais
Que o som da marcha lenta
Eu quero um novo balancê
E o bloco do prazer
Que a multidão comenta
Não quero oito e nem oitenta
Eu quero o bloco do prazer
E quem não vai querer?
Mamã mamãe eu quero sim
Quero ser mandarim
Cheirando gasolina
Na fina flor do meu jardim
Assim como carmim
Da boca das meninas
Que a vida arrasa e contamina
O gás que embala o balancê
Vem meu amor feito louca
Que a vida tá curta
E eu quero muito mais
Mais que essa dor que arrebenta
A paixão violenta
Oitenta carnavais
 

(Continua)

*Colaborador do Vermelho