Agnelo quer apuração rigorosa dos acidentes no Mané Garrincha
O governador Agnelo Queiroz convocou, na terça-feira, 7, reunião com o Consórcio Brasília 2014, responsável pela arena, para cobrar explicações sobre o acidente que feriu cinco trabalhadores na segunda-feira .
Publicado 09/08/2012 11:25 | Editado 04/03/2020 16:41
Agnelo Queiroz determinou rigor na investigação do caso. Ele pediu ainda a garantia de que os operários feridos receberão todo o atendimento médico devido e que o Consórcio tome todas as providências que se fizerem necessárias para apuração dos fatos, além do apoio aos trabalhadores acidentados e suas famílias.
O caso está sendo analisado pela 5ª Delegacia de Polícia, que já vistoriou o canteiro. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF) também esteve no local e preparou um relatório sobre o acidente. A suspeita é de que o material usado para dar sustentação às formas que moldam a arquibancada superior seja deficiente.
"Nós analisamos algumas fotos que mostram um tubo dobrado, possivelmente por deficiência do material utilizado na estrutura de sustentação da forma", disse o diretor do Crea-DF, Liberalino Jacinto de Souza, à Agência Brasil. "Esse material parece não ter resistido à pressão do material localizado acima, a 24 metros de altura. É possível que, na montagem, essa estrutura não tenha ficado devidamente alinhada e fixada, permitindo que a carga apoiada escorregasse e fazendo com que o concreto ainda fresco caísse. Se o concreto já estivesse seco, provavelmente não teria caído", explicou Liberalino.
A real causa do acidente só será conhecida com o resultado dos laudos periciais, que não tem data para ser entregue, mas deve ser concluído em até 30 dias.
Durante a fiscalização o Crea constatou que a empresa Ulma do Brasil Formas e Escoramentos, contratada para "locação, com acompanhamento das montagens das formas e escoramentos", não possui registro no Crea. A empresa tem dez dias para regulariza a situação.
Depois de um dia parado, o trabalho recomeçou no canteiro de obras do Estádio nesta quarta-feira 8. Área do acidente permanece isolada.
Medidas de segurança
O Consórcio Brasília 2014 informou ao governador que área de segurança se reúne diariamente com as equipes de trabalhadores para discutir os procedimentos e as atividades com a meta de evitar situações de acidentes. Isso porque a obra do estádio tem o mais alto nível no ranking de risco. No Brasil, as obras são classificadas entre os níveis 1 e 4, e a arena está enquadrada no nível máximo.
A responsável pela obra apresentou os números de funcionário na área de segurança e alegou que possui mais funcionários do que o exigido.
Confira os dados abaixo:
Mínimo exigido pela NR Real
Engenheiros de Segurança 3 4
Técnicos de Segurança 10 35
Auxiliares Técnicos de Segurança 0 3
Médicos do Trabalho 3 3
Técnicos de Enfermagem 1 3
Auxiliares de Enfermagem 1 4
Boletim médico
De acordo com o último boletim médico divulgado nesta terça-feira pela Secretaria de Saúde, o estado de saúde dos cinco operários é estável, e eles não correm risco de morte. Dois operários receberam alta médica pela manhã. Outros dois permanecem à espera de parecer do setor de neurocirurgia
Um trabalhador passou por três horas de cirurgia para corrigir uma fratura exposta na tíbia esquerda e lesões na bacia e nos tornozelo. A previsão é de que o próximo boletim seja divulgado após o meio-dia de quarta-feira.
No fim da noite de ontem, o governador também visitou os cinco operários feridos no acidente. Ele esteve com as vítimas e seus familiares por quase uma hora, no Hospital de Base.
Esse é o segundo acidente grave ocorrido na obra. O primeiro foi em junho, quando um ajudante de obra morreu após cair de uma laje a 30 metros de altura. Desde o início da construção, 29 acidentes aconteceram no local.
O estádio vai sediar jogos da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014.