Chávez e os candidatos a presidente na Venezuela
Sete candidatos a governar a Venezuela se enfrentaram no próximo dia 7 de outubro nas urnas. Nesse encontro, mais que escolher um presidente, a população decidirá entre dois modelos de sociedade diametralmente opostos.
Publicado 03/07/2012 09:35
Dessas eleições participará o presidente Hugo Chávez, que aspira a continuar desenvolvendo durante o novo sexênio o projeto de reformas políticas, econômicas e sociais iniciado em 1999, a fim de construir no país uma sociedade socialista adaptada às características e à história da nação.
Para o líder da maioria dos venezuelanos, é vital ganhar essas eleições, pois é a única maneira de manter a continuidade e o desenvolvimento progressivo do processo.
Ao inscrever sua candidatura perante o Conselho Nacional Eleitoral, no passado dia 11 de junho, Chávez apresentou seu plano de governo para o período 2013-2019, estruturado a partir de cinco grandes objetivos históricos.
Segundo explicou depois, o primeiro desses objetivos é "defender, expandir e consolidar o mais precioso bem que conquistamos até agora, no começo do século 21. Esse bem mais precioso não é outra coisa que a independência nacional e a pátria".
Para Chávez, isso só é possível com o socialismo, daí que o segundo grande objetivo de seu programa seja continuar construindo o socialismo do século 21 na Venezuela.
Outro dos objetivos históricos em que se fundamenta o plano de governo do presidente para o próximo sexênio, busca converter o país em uma potência política, social, moral e econômica, para avançar na construção de uma grande potência latino-americana e caribenha.
A conformação de um mundo multicêntrico e pluripolar, para desmontar o projeto unipolar dos Estados Unidos e seus aliados; assim como conservar e salvar a vida no planeta para continuar contribuindo com a sobrevivência da espécie humana, completam a lista.
Esse plano servirá de base para a elaboração do Segundo Plano Socialista da Nação, que o mandatário espera entregar à Assembleia Nacional dia 10 de janeiro do próximo ano durante a cerimônia de tomada de posse como chefe do Estado, se, como se espera, é reeleito no processo eleitoral de outubro.
O legado de Bolívar
A denominada Revolução Bolivariana liderada por Chávez tem entre seus principais fundamentos o pensamento do Libertador Simón Bolívar, a quem o mandatário recorre constantemente para argumentar muitas de suas decisões.
Uma das citações mais repetidas tem a ver com os objetivos ulteriores a serem conquistados no país e se refere a uma célebre frase pronunciada por Bolívar em Angostura, em 1819.
"O sistema de governo mais perfeito será aquele que proporcione a seu povo a maior soma de segurança social, a maior soma de estabilidade política, e a maior soma de felicidade", afirmou O Libertador, e isso só é possível alcançar com o socialismo, segundo o atual presidente.
E para tornar realidade esse sonho de Bolívar é imprescindível, antes de mais nada, ganhar as eleições de 7 de outubro.
"Não é qualquer coisa o que está em jogo nestes próximos dias, nestas semanas e meses, o que está em jogo é o futuro da pátria, deste século, deste tempo", disse o mandatário às dezenas de milhares de venezuelanos que o acompanharam a inscrever sua candidatura.
Nas eleições presidenciais de 3 de dezembro de 2006, Chávez ganhou obtendo 7,3 milhões de votos, equivalentes a 62,8% do total de eleitores.
Para o próximo outubro, se pretende não só superar essa cifra, senão chegar aos 10 milhões de votos, para que desta vez a vitória seja de tal contundência que desarme os questionamentos – inclusive violentos – da oposição que se vislumbram há meses.
Do outro lado da contenda
Durante décadas, a Venezuela foi governada por líderes políticos mais ou menos conservadores, que se alteravam no poder em representação de uma oligarquia nacional estreitamente vinculada com corporações multinacionais estadunidenses e europeias e com o governo de Washington.
Esse esquema terminou em dezembro de 1998 com a vitória eleitoral que abriu a Chávez as portas do Palácio de Miraflores, e tudo parece indicar que para tentar voltar, essa oligarquia decidiu agora eliminar os políticos tradicionais e governar diretamente mediante um de seus mais genuínos sucessores.
Esse é o caso de Henrique Capriles Radonski, herdeiro por parte de mãe e pai de importantes grupos econômicos venezuelanos e posicionado na extrema direita do tabuleiro político, ainda que, como afirmam alguns de esquerda, agora se disfarce de cordeiro para tratar de ganhar votos entre as massas populares.
Ex-prefeito do município Baruta e governador do estado Miranda, Capriles Radonski é, sem dúvidas, o principal candidato de oposição a Chávez nas eleições presidenciais, as quais chega com um programa ambiguo, cheio de propostas superficiais e promessas, que mais fazem ocultar propósitos que expressá-los.
A única menção ao que propõe para o país como política exterior se chegar à Presidência, por exemplo, se limita a dizer que pretende "Definir e estabelecer nossas alianças internacionais estratégicas em função da paz, o bem-estar e as oportunidades de progresso para todos os venezuelanos".
A vagueza dessa proposta permite todo tipo de especulações, algo que é comum a todo seu plano, onde não explica o que acontecerá com as missões sociais ou com Petróleos de Venezuela (PDVSA), por citar só dois exemplos.
Capriles Radonski foi eleito candidato único das maiores formações políticas opositoras nas eleições internas realizadas em 12 de fevereiro deste ano e, apesar de suas limitações pessoais – que não são poucas -, deve obter entre quatro e cinco milhões de votos em outubro, segundo cálculos otimistas.
Os outros candidatos
Entre os outros cinco candidatos à presidência da Venezuela ressalta a candidatura de Yoel Acosta Chirinos, Tenente Coronel retirado da Força Armada Nacional Bolivariana, e um dos participantes da rebelião militar liderada por Chávez no dia 4 de fevereiro de 1992.
Acosta Chirinos expressou publicamente suas discrepâncias com o atual mandatário, às que atribui sua postulação, mas não está descartada uma reconciliação antes das eleições.
Também inscreveram suas respectivas candidaturas Luis Reis, um cristão evangélico que participa a nome do partido Organização Renovadora Autêntica, e Orlando Chirinos, dirigente sindical e representante da Frente Autônoma em Defesa do Emprego, Salário e Sindicato (FADESS).
Duas mulheres se inscreveram como candidatas ante o Conselho Nacional Eleitoral, Reyna Sequera, líder do minúsculo Partido Trabalhista; e María Bolívar, advogada e proprietária de uma padaria em Maracaibo, estado Zulia.
Nas eleições presidenciais de 2006, Chávez e o principal candidato opositor, Manuel Rosales, receberam, entre os dois, 99,74% dos votos válidos e os outros 12 candidatos, todos juntos, mal conseguiram 0,19%.
No próximo dia 7 de outubro, para estes cinco candidatos o futuro não será muito diferente.
Fonte: Prensa Latina