Novo presidente do Egito toma posse e defende sistema republicano

Mohamed Morsi já prestou juramento enquanto primeiro Presidente civil do mais importante dos países árabes. O candidato da Irmandade Muçulmana tomou posse diante do Supremo Tribunal Constitucional e vai ainda a uma base militar receber o poder dos generais que governam o país desde o afastamento de Hosni Mubarak, em Fevereiro de 2011.

No primeiro discurso do dia prometeu respeitar a Constituição e o Estado de direito, e proteger todos os egípcios. Foram estes, disse, que “plantaram as fundações para uma nova vida, para a liberdade completa, para uma democracia genuína e estável acima de tudo o resto”.

O candidato do Partido Justiça e Liberdade – fundado o ano passado pela confraria islâmica – assegurou ainda que o seu governo se vai basear nos pilares democráticos do “Tribunal Constitucional, do sistema judicial e dos poderes executivo e legislativo”.

“Juro por Deus todo-poderoso que vou defender com a minha fé o sistema republicano e respeitar a Constituição e o Estado de direito, cuidar dos interesses das pessoas e proteger a independência e a integridade territorial do país”, disse, ao prestar juramento.

Este momento deveria ter acontecido no Parlamento, mas as primeiras eleições livres da história do país foram anuladas pela justiça e a Assembleia foi dissolvida, por influência do Conselho Supremo das Forças Armadas, no poder. Ao mesmo tempo, os generais atribuíram-se a si mesmos poderes legislativos e de redacção da futura Constituição, numa manobra para esvaziar o cargo agora assumido por Morsi.

Segunda República

O “irmão muçulmano” é o quinto chefe de Estado do Egipto desde a derrubada da monarquia, há 60 anos. “Hoje assistimos ao nascimento da Segunda República”, disse por isso um dos juízes do Supremo, num preâmbulo à cerimônia que foi transmitida em direto na televisão estatal.

É o primeiro Presidente não militar, mas garantir a sua independência face aos generais que tudo parecem poder será precisamente o seu maior desafio.

Durante o seu discurso, Morsi abriu o blazer do fato para mostrar que não estava a usar um colete à prova de bala: “Eu não temo o meu povo. Eu não temo ninguém a não ser Deus”.

No segundo discurso do dia, na Universidade do Cairo, depois da investidura e antes da cerimônia com os militares, disse que o Egito defende os “direitos legítimos” dos palestinianos” e vai “trabalhar para realizar a reconciliação palestina”.  Afirmou ainda que quer ver travado o “derramamento de sangue” na Síria.

Fonte: Público