Contra golpe, paraguaios realizam dia de protestos em todo o país

Apesar tranquilidade vista nas ruas de Assunção, a quarta-feira (26) foi marcada por manifestações em todo o Paraguai, sobretudo no interior do país. Algumas dessas mobilizações resultam das ações da Frente em Defesa da Democracia, lançada na segunda-feira (25). Outras, no entanto, são espontâneas, autogestadas por organizações sociais. A expectativa é que essas ações culminem em um grande protesto em Assunção na sexta-feira (29).

Por Vanessa Silva, de Assunção, para o Vermelho

Protestos Paraguai - Gustavo Galeano

Em Ciudad del Este, cidade que faz fronteira com o Brasil, houve uma manifestação na Ponte da Amizade, onde mais de duas mil pessoas interromperam o trânsito da ponte em protesto contra o governo golpista de Federico Franco e pela volta da democracia com o retorno de Fernando Lugo ao poder.

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De acordo com o coordenador do jornal E’a, Miguel Armoa, em entrevista concedida ao Vermelho, as pessoas que estiveram no ato em Cuidad del Este estavam “verdadeiramente revoltadas. Havia muita indignação e muitos aliados de partidos tradicionais [Liberal e Colorado] também participaram por não concordarem com” o golpe contra Lugo.

Amoa pontuou que também há pessoas “apáticas, indiferentes com o que acontece no país”, mas “o sentimento geral é de indignação”, ressaltou.

Imprensa

Outro foco de descontentamento da população é com a manipulação das informações. Em Caaguazú, no quinto departamento do Paraguai, uma das palavras de ordem foi “Não veio o Abc Color, não veio Canal 13, nem Telefuturo [veículos tradicionais no Paraguai], porque não querem mostrar o que acontece no país”.

Na localidade, cerca de 1.500 pessoas, entre campesinos e membros da Pastoral Social, professores e muitos jovens, fecharam a estrada 7, uma das mais importantes do país, que liga Assunção a Ciudad del Este. Em diversos pontos da estrada campesinos também se manifestaram contra o golpe: “Imprensa nacional golpista!” e “Abc ijapú [Abc mente, em guarani]!”, também foram gritos ouvidos durante o protesto.

Miguel Amoa esclareceu que as pessoas estão revoltadas com a manipulação que a mídia faz da realidade. “Dizem que está tudo calmo, que não tem nada acontecendo, e não é assim. As agências internacionais não falam a verdade sobre o que está acontecendo. Então há uma campanha forte [da mídia] para que as pessoas apoiem o golpe.”

Também houve protestos em Itapúa, San Pedro e Concepción, no interior do país.

Assunção

Em Assunção, os protestos se concentraram em duas frentes: a já “tradicional” resistência na frente da TV Pública e a manifestação no Bañado Sur.

O protesto no Bañado Sur começou às 7 da manhã e durou 3 horas. De acordo com a imprensa local, os manifestantes tiveram que vencer o medo de se manifestar, principalmente entre os “funcionários que recebem ameaças das novas autoridades”. Funcionários públicos estariam proibidos de se manifestar contra o governo.

Em frente à TV Pública, a resistência segue fortalecida. Hoje cerca de 200 pessoas se reuniram para marcar posição contra o golpe de Estado perpetrado contra Lugo.