Sem acordo, motoristas e cobradores iniciam greve geral

Apesar da proposta de 8,5% de reajuste salarial e aumento no valor pago na cesta básica e no vale-refeição apresentado pelo sindicato patronal (Sindiônibus), trabalhadores do transporte urbano de Fortaleza e Região Metropolitana, em assembleia realizada na tarde da última terça-feira (19/06), iniciar greve geral por tempo indeterminado.

O argumento de motoristas, cobradores, fiscais, serviços gerais e auxiliares é o achatamento salarial acumulado de anos anteriores. As opiniões sobre a paralisação é polêmica tanto dentro da própria categoria quanto em relação aos usuários. Enquanto membros da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Ceará (Sintro) defendiam aceitar a proposta e evitar a greve, outros ratificavam a paralisação.

Domingo Neto, presidente da entidade, qualificou de “não ideais, mas vantajosas”, mas em votação unânime a categoria defendeu a greve. O sindicalista considerou esta a melhor proposta nos últimos 12 anos, pois representa o dobro em ganho real em relação ao ano passado. Alguns profissionais reivindicavam 15% de aumento.

No primeiro dia de paralisação, a população já sente o drama de não ter transporte para ir ao trabalho. Até quem tem veículo particular também sente os efeitos da greve. Com as manifestações que visam a circulação de ônibus, aumentou o trânsito na capital.

Reivindicações

– Data-base: 1º de maio;
– Reajuste salarial: 15%;
– Piso salarial: R$ 1.530,85 (motorista), R$ 918,51 (cobrador), R$ 1.071,60 (fiscal), R$ 765,43 (serviços gerais), R$ 1.071,60 (auxiliar profissional);
– Salários reajustados em 10% a título de produtividade;
– Adiantamento da quinzena, no mínimo 40%, até o dia 15 de cada mês;
– Salários discriminados em contracheque;
– Desconto mensal de R$ 0,01 para efeito de percepção dos benefícios previstos nas cláusulas relativas ao Vale Refeição e à Cesta Básica;
– Empregado afastado por acidente de trabalho terá salário complementado por 3 meses;
– Vale alimentação: R$ 12
– Direitos das lactantes: R$ 120 de auxílio creche do 4º mês ao 12º mês do filho;
– 25 salários mínimos, nos casos de morte ou invalidez por acidente de trabalho;
– Aumento da cesta básica;
– Convênio farmácia e livraria: parcelamentos quando o valor corresponder a mais de 10% do salário;
– Entrada gratuita nos ônibus;
– Carta de referência: fornecimento em caso de demissão;
– Jornada de trabalho de 42 horas semanais (7 horas diárias);
– Convênios com planos de saúde para que os trabalhadores possam realizar, gratuitamente, consultas, exames, etc;
– Micro-ônibus: não será permitia a circulação sem a presença do cobrador.

Mais

Para este primeiro dia de paralisação, o Sintro barrou a saída dos ônibus já das garagens. Alguns ônibus tiveram pneus esvaziados.

Em decisão tomada na manhã desta quarta-feira (20), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou o percentual de 70% de ônibus no horário de pico e 50% nos demais horários. A decisão foi tomada pela presidente do TRT, a desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar. Segundo o TRT, o descumprimento da determinação acarretará multa diária de R$ 50 mil ao Sindicato dos Trabalhadores Transporte Rodoviários no Estado do Ceará, Sintro.

Uma assembleia está marcada para esta quarta-feira (20), ainda sem horário confirmado. Nela, os motoristas vão avaliar, entre outros assuntos, a decisão do TRT.

De acordo com o sistema de monitoramento da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), dos 1.193 veículos que deveriam estar em funcionamento, somente cerca de 555 ônibus da frota circulam.

A categoria é composta, atualmente, por 10.600 trabalhadores, sendo cerca de 6 mil motoristas de ônibus e 4.600 cobradores.

O transporte público da cidade de Fortaleza movimenta, diariamente, em torno de um milhão de passageiros.

De Fortaleza,
Carolina Campos (com informações de sites locais)