EUA ignoram protestos e mantêm ataques no Paquistão

Um avião teleguiado estadunidense disparou nesta quinta (14) dois mísseis contra um edifício no mercado central de Miranshah, capital da província paquistanesa do Waziristão do Norte, e matou três supostos talibãs.

Apesar dos protestos do governo, dos partidos políticos e das organizações sociais e religiosas do Paquistão, a divisão da Agência Central de Inteligência encarregada do programa de drones continuou a escalada contra supostos objetivos insurgentes nas regiões tribais fronteiriças com o Afeganistão.

O ataque desta quinta-feira, o segundo em poucos dias, teve como alvo um local de alta concentração de público, o que uma vez mais fez a opinião pública paquistanesa se indagar sobre como podia o comando norte-americano garantir que as vítimas fossem apenas talibãs. Ontem, outro avião não tripulado matou os quatro ocupantes de uma caminhonete que se deslocava pelo povoado de Isha, a 10 quilômetros ao leste de Miranshah.

Os drones tiveram sua ação suspensa por um mês e meio após o dia 26 de novembro, quando aviões da Otan massacraram 24 soldados paquistaneses na fronteira com o Afeganistão, o que levou a controversa aliança a seu nível mais baixo de relações.

Mas, no dia 11 de janeiro voltaram ao ataque e, com as agressões de hoje, somam-se 12 os bombardeios nas duas últimas semanas e 24 no correr do ano, com um saldo de 159 mortos e dezenas de feridos.

Não por acaso, a escalada começou após a Cúpula da Otan em Chicago (20 e 21 de maio), onde contrário ao que era esperado pelos Estados Unidos e pela aliança atlântica, o Paquistão não anunciou a reabertura das rotas de fornecimento às tropas ocupantes do Afeganistão, bloqueadas desde o incidente citado.

As conversas a esse respeito estão estancadas devido à negativa de Washington de apresentar uma desculpa pela morte dos soldados na fronteira.

Há apenas uma semana, a chancelaria paquistanesa entregou ao encarregado de Negócios dos Estados Unidos em Islamabad, Richard Hoagland, uma nota oficial de protesto pelos contínuos bombardeios dos aviões não tripulados.

O assunto chegou inclusive às Nações Unidas, pois quase coincidentemente a alta comissária para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu à ONU uma investigação sobre os ataques de drones, por considerá-los ilegais e responsáveis pela morte de civis inocentes.

Segundo Pillay, o chefe da ONU, Ban Ki-moon, instou os Estados a serem "mais transparentes" sobre as circunstâncias nas quais se utilizam os aviões teleguiados e a que tomem as precauções para assegurarem-se de que seus ataques cumprem com o direito internacional aplicável.

Fonte: Prensa Latina