Agnelo diz que denúncias falsas são reação do crime organizado
Agnelo Queiroz falou na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. E disse que quem lê os autos das operações da Polícia Federal que resultou na prisão de Cachoeira vai saber que as acusações contra ele são falsas e representam uma reação às medidas do governo dele contra o crime organizado que se instalou na máquina administrativa do Distrito Federal nos governos passados.
Publicado 13/06/2012 13:08
O governador foi muito aplaudido pelos parlamentares quando anunciou que autorizava a CPMI a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico. “Quem não deve não teme”, afirmou, acrescentando que já tinha oferecido a quebra de sigilo à Procuradoria Geral da República (PGR).
“A história que trago é a história de um governo que vem sendo perseguido pelo crime organizado. E o meu objetivo é colocar o GDF a serviço da população do Distrito Federal. Assim como os senhores, os brasilienses receberam uma avalanche de informações erradas nos últimos dias. O objetivo (das denúncias) é desgastar, desmobilizar e me tirar do Governo do Distrito Federal. Fica claro que minha presença aqui é fruto da luta política”, avaliou Agnelo.
“Vou resistir, vou continuar lutando contra esses grupos expulsos da máquina pública pelo voto popular. Organização criminosa que continua atuando com os mesmos métodos e que eu espero, no final da Operação Caixa de Pandora, a gente consiga evitar essa atuação. E vou continuar governando nesse sentido”, anunciou Agnelo.
E lembrou o caos em que encontrou a cidade e o tempo em que levou para começar a trabalhar, inclusive administrativamente, e iniciar processo de recuperação da cidade. “Com as medidas adotadas estamos conseguindo melhorar o atendimento à população, mas ainda temos muito o que fazer”, afirmou.
O que não apareceu na imprensa
Agnelo Queiroz contou que desde que assumiu o governo determinou auditoria nos contratos com as empresas que fazem coleta de lixo na cidade e o GDF deixou de repassar um milhão de dinheiro público, porque o serviço não estava sendo realizado e não tinha fiscalização.
Ele disse que, nas milhares de horas de gravação da Polícia Federal nas operações que desvendaram o esquema de Carlinhos Cachoeira existem uma gravação entre Idalberto Matias, o Dadá, apontado como informante do contraventor, e Cachoeira em que Dadá dizia que Agnelo cairia em dois a três meses depois de apanhar de Demóstenes e da mídia. E Cachoeira diz que ele vai continuar apanhando.
“Nada disso apareceu na imprensa, mas estão disponíveis nos autos. Quem tomar conhecimento desses termos vai tirar suas conclusões”, destacou Agnelo.
Ao invés disso, os opositores do governador do DF, ajudado pela grande mídia, usou um documento oficial para acusar Agnelo de estar favorecendo a Delta nos contratos com o GDF.
Ele explicou que a verdade do fato denunciado pelos opositores e divulgado pela mídia é de que o ofício encaminhado por ele, como governador eleito, ao então governador Rogério Rosso, solicitando a prorrogação dos contratos administrativos objeto de serviços essenciais com vencimento previsto para final de 2010 e janeiro de 2011 – de coleta de lixo, varrição de rua, distribuição de medicamentos nos hospitais e aluguel de carro – não incluía o contrato da Delta, que só venceria em 2015, portanto não estava contido no ofício.
Para Agnelo, as denúncias notícias falsas são produtos de “quem não leu, ou leu e não entendeu, ou entendeu, mas movido por questões partidárias, resolveu me atacar de forma leviana”. E avalia que “o objetivo claro é desgastar até o limite do impossível, alimentar com esse tipo de informação a mídia, que passou a divulgar falsas notícias”.
Perguntas do governador
Agnelo enxertou em sua defesa uma série de perguntas aos parlamentares. Ele lembrou que todos devem ter conhecimentos dos autos dos processos contra o grupo de Carlinhos Cachoeira e, baseado nos autos, ele pediu que os parlamentares identificasse “um único nome que eu nomeei a pedido de Carlos Cachoeira”, como noticiou a imprensa. E destacou que em gravação de 30 de março de 2011, Idalberto Matias diz em telefonema que “o que esse povo me ajudou até hoje?” referindo ao Governo de Agnelo Queiroz.
“Que ato do governo favoreceu o Cachoeira? Que negócio conseguiu fazer aqui? Apontem um só, não como nos outros estados que são muitos”, provocou, em referência ao Governo de Goiás, do tucano Marconi Perillo, onde existem denúncias de vários casos.
“Com falar de favorecimento à Carlos Cachoeira? O GDF estava impedindo a entrada do crime organizado no DF”, avisou Agnelo, anunciando que vai continuar na luta contra o crime organizado. “Essa é a verdade sobre a relação do GDF com a Delta e o grupo de Carlos Cachoeira e provamos, mas ninguém quer ouvir por que se aliaram a eles, por interesses baixos, por desinformação ou por questões políticas”, analisa o governador petista.
Tentativas frustradas
O governador contou que a Delta entrou na máquina administrativa do Distrito Federal, no governador Roberto Arruda (ex-DEM), em 2007, quando apresentou preço 30% mais baixo na licitação para recolhimento do lixo na cidade, mas que depois foi desclassificada na documentação, dando início a uma disputa judicial.
As duas empresas segundo colocadas – a Qualix e Valor Ambiental – foram contratadas e depois, por decisão judicial, tiveram os contratos rompidos e a Delta foi contratada. O preço baixo tinha motivo de existir, com um governo amigo, a empresa podia lucrar mesmo cobrando preço baixo, mas o meu governo não era amigo e determinou auditoria para saber o que ocorria nas áreas e identificou uma série de problemas, não só na Delta, como a fiscalização frouxa e o trabalho feito pela metade. O fiscal atestava o serviço sem a medição correta e a empresa lucrava mesmo com valor baixo.
Agnelo contou que o enredo é absolutamente igual em outros casos. Os governos passados entregaram todos os serviços de trânsito a iniciativa privada. Quando assumiu o GDF fez com que o governo retomasse o controle da gestão do serviço de trânsito. “O GDF não sabia nada, mas quando tomamos o controle encontramos uma série de irregularidade”, contou, destacando que a trama do grupo de Carlos Cachoeira era obter acesso à Secretaria de Transporte, mas tentou e não conseguiu.
Outro caso de tentativa frustrada do esquema Cachoeira no DF ocorreu na tentativa de legalizar a Fazenda Gama, que é terra pública. Agnelo Queiroz diz que foi mais uma tentativa frustrada. Os servidores envolvidos foram afastados e estão sendo investigados.
Ao contrário de Marconi Perillo, que no longo depoimento de cerca de cinco horas, defendeu todos os servidores do seu governo, Agnelo Queiroz disse que os servidores suspeitos foram afastados e estão sendo investigados. E mais uma vez indagou aos parlamentares da comissão: “Se (o grupo de Carlinhos Cachoeira) tinha acesso ao governador, por que aliciar servidores?”
De Brasília
Márcia Xavier