Flórida reforça bloqueio contra Cuba e pode prejudicar Brasil
O governador da Flórida, Rick Scott, assinou na terça-feira (1°) uma lei que proíbe aos governos locais fazer contratos com empresas que mantenham negócios com Cuba e Síria, mas a medida ficou em suspenso nesta quarta-feira (2) porque requer a aprovação do Congresso e do presidente Barack Obama.
Publicado 02/05/2012 12:15
A Câmara de Comércio Estadual já havia se mostrado contrária a esta lei por seu possível efeito sobre as empresas do Brasil e do Canadá, os principais sócios comerciais da Flórida.
"Devido ao fato de que este conflito poderá existir, as restrições não entrarão em vigor a menos e até que o Congresso aprove, e o presidente Obama assine, uma lei que permite aos estados impor independentemente este tipo de sanções contra Cuba e Síria", afirmou Scott em um comunicado.
A administração Obama favorece uma certa abertura comercial em relação a Cuba através de intercâmbios culturais e eliminando restrições de viagens e envios de dinheiro à ilha impostos por seu antecessor George W. Bush.
Nos Estados Unidos, as medidas relacionadas com o comércio exterior são regidas por leis federais e a lei assinada nesta terça-feira pelo governador republicado da Flórida incluiu uma cláusula que afirma que "se torna inativa" caso viole estas leis.
A imprensa da Flórida, por sua vez, classificou de "fiasco" e "fracasso" o anúncio da assiantura da lei.
Cuba reagiu imediatamente acusando Rick Scott de reforçar o bloqueio contra a ilha. "Ele deu um passo no reforço do bloqueio dos Estados Unidos em relação a Cuba ao assinar uma lei que proíbe o acesso a fundos públicos a companhias com negócios na ilha", afirmou o jornal oficial Granma.
O Granma indica que a lei recebeu inúmeras críticas dos dois principais sócios comerciais do estado, Brasil e Canadá, que alertaram que isso poderá afugentar o investimento estrangeiro nesse território americano".
A lei poderá afetar a brasileira Odebrecht, cuja subsidiária nos Estados Unidos participou em vários projetos importantes em Miami, enquanto que uma de suas filiais está realizando em Cuba as obras de melhoria do porto de Mariel, um investimento com financiamento brasileiro, que os cubanos consideram vital para sua economia.
Os Estados Unidos mantêm desde 1962 um bloqueio contra a ilha, condenado em reiteradas ocasiões pela imensa maioria dos membros das Nações Unidas e que, segundo as autoridades cubanas, provocou perdas à ilha de 104 bilhões de dólares até dezembro de 2010. Mesmo nos Estados Unidos, a iniciativa tem sido comumente criticada.
Com AFP