Manobra naval com os EUA aumenta a tensão no mar da China

Manobras navais envolvendo forças das Filipinas, EUA, Japão, Austrália e Coreia do Sul provocam tensão no mar da China; o governo de Pequim responde com ação conjunta com forças da Rússia e adverte para risco de confronto armado.

Navios chineses no Mar da China

O porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin, anunciou hoje (25) em Pequim que a internacionalização da disputa de soberania na Ilha Huangyan vai apenas complicar a questão e não ajudará à sua resolução. As Filipinas não devem, disse ele, envolver outros países nem pedir uma tomada de posição e declaração de apoio a nível internacional.

Liu Weimin sublinhou que a expansão da questão de soberania da Ilha Huangyan para todo o Mar da China Meridional é irracional e não ajuda a alcançar uma solução. Ele insistiu que as Filipinas devem terminar com a sua campanha de difamação e dirigir esforços para resolver o problema com a China criado com a violação do território chinês por parte das Filipinas. O governo de Pequim defende de forma inabalável o direito de proteção do seu território.

As manobras navais agravam o conflito na região, que envolve a disputa entre a China e as Filipinas por ilhas desabitadas nas quais existem ricas jazidas de petróleo e gás. A disputa com as Filipinas (apoiada pelos EUA) envolve a ilha Huangyan, para onde a Marinha filipina já enviou navios militares e um destacamento de fuzileiros navais, no momento em que é realizada uma manobra naval com forças dos dois países (EUA e Filipinas) e a participação do Japão, Austrália e Coreia do Sul.

No domingo (22) Rússia e China começaram exercícios navais conjuntos no mar Amarelo, que coincidindo com o agravamento da tensão. A China enviou mais de 4.000 militares e 16 navios, inclusive cinco destróieres de mísseis, cinco fragatas de mísseis, cinco lanchas de mísseis, um navio de apoio e um navio-hospital, e também 13 aviões e 5 helicópteros. A Rússia, por sua vez, enviou – em apoio aos chineses – quatro navios de combate da Esquadra do Pacífico: o cruzador de mísseis Varyag, três navios anti-submarinos (Admiral Vinogradov, Marshal Chaposhnikov e o Admiral Tribuz), que se juntaram aos dois navios de apoio (MB-37 e Pechenga) que se encontravam na região. Com isso, nas proximidades daquelas ilhas desabitadas posicionam-se forças navais de sete países, três dos quais são grandes potências (China, Rússia e EUA).

A disputa envolve um conjunto de aspectos. O primeiro deles é a soberania territorial chinesa, da qual o governo de Pequim não abre mão. Outro fator são as reservas de petróleo e gás lá existentes; finalmente, os fatos demonstram a proximidade entre China e Rússia, reforçando a percepção de que não são rivais estratégicos e que colaboram em situações de conflito.

Isto ocorre pouco tempo depois do governo dos EUA ter anunciado a redefinição de sua estratégia de defesa, que passa a ter a China como alvo, a intensificar suas ações no Oceano Pacífico e a redistribuir suas forças movendo-as para a região. A grande participação militar dos EUA nas manobras reflete esse esforço do governo de Washington de reafirmar sua presença diante da China.

O comandante dos fuzileiros navais dos EUA Oceano Pacífico, general Duane Thiessen, justificou a presença de forças norte-americanas dizendo que os "Estados Unidos e as Filipinas têm um tratado de defesa comum que garante nosso compromisso na defesa mútua". Declarações que puseram mais lenha na fogueira, aumentando a tensão entre a China e as Filipinas, que piora no momento em que as manobras navais conjuntas entre EUA, Filipinas e demais países incluíram hoje (25) a simulação de um ataque contra uma pequena ilha, apesar da advertência chinesa do risco dessa ação aumentar poder resultar em um conflito armado.

Com agências