Bairro a Bairro visita comunidades da Zona Sul

Porto Alegre cresce de costas para as comunidades mais carentes, em situação de abandono em relação a serviços que asseguram o mínimo de dignidade ao ser humano.

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Em mais uma edição do Bairro a Bairro, a deputada Manuela d´Ávila visitou comunidades da Glória, Cruzeiro e Cristal. Ao lado de lideranças do PSB e PCdoB, como o presidente estadual da sigla, o deputado Raul Carrion, Manuela mais uma vez ouviu dos moradores as necessidades e anseios para as localidades onde vivem.

A mesma cidade que se orgulha de ser conhecida internacionalmente como a cidade do Forum Social Mundial ainda convive com problemas elementares, como ausência de água encanada, luz elétrica, tratamento de esgoto e coleta de lixo. Em locais como a Vila Gaúcha e Vila Ecológica, no bairro Santa Tereza, os moradores convivem com instalações precárias de água e luz, lixo acumulado que atraem ratos e baratas.

Sem espaço para brincar



A situação é precária para as cerca de 5 mil pessoas que moram no loteamento Jardim Marabá, na Glória. O esgoto é a céu aberto, não há água encanada, asfaltamento, coleta de lixo – condições que facilitam a infestação de ratos, baratas e mosquitos. As crianças e os jovens também não dispõem de espaços e opções de lazer e cultura. Presidente da Associação de Moradores Jardim Marabá, Jair Adelar relatou que a entidade já tentou implantar oficinas e cursos para os jovens, mas não foi permitido por se tratar de área não regularizada. “Não tem nada para os jovens. Se tivéssemos opções de lazer, cursos e educação, poderíamos evitar que eles ficassem nas esquinas, vulneráveis ao consumo de drogas”, lamentou um morador.

A inoperância do executivo municipal é também criticada pelos moradores do Jardim Marabá, na Glória. “A Prefeitura não nos orienta e nem nos auxilia no processo de regularização. Só diz que não temos direito a nada”, lamentou o morador André Nunes. Os moradores lutam para que área seja ao menos declarada de interesse social para assim obter algumas melhorias para a região.

Sem asfalto

A falta de asfalto e de um sistema de drenagem prejudica os moradores do Sertão 2, no Belém Velho Rincão. “Quando chove a situação fica pior. Não tem asfalto e a umidade é grande. A criançada vive doente no inverno”, relatou Ricardo Tes. Cansados de esperar pelo poder público, os próprios moradores abriram valetas para o escoamento da água.

Falta informação sobre remoção na Vila Cruzeiro

A obra de duplicação da avenida Tronco fará com que cerca de 1.500 famílias tenham que sair da casa onde moram e ir para outro local. A falta de informações por parte do poder municipal preocupa quem terá de se mudar. A maioria ainda não sabe para onde ir. E nem terá como escolher. “Defendemos a realização da Copa, mas com respeito aos direitos da população”, dizem os moradores.

Problemas assim refletem a falta de planejamento urbano adequado na capital gaúcha. Seria importante que a Copa do Mundo gerasse um fortalecimento da preocupação com essa área. Existe um consenso das autoridades em torno do legado positivo da Copa, mas poucos lembram que as obras para o evento podem gerar uma herança negativa para diversos setores da população. Não é apenas a cidade que precisa se adaptar a Copa, mas também o contrário.

PAM 3 só atende com ficha

Moradores da Vila Cruzeiro reclamam que de pronto atendimento o PAM 3 da Cruzeiro só tem nome. Quem chega no posto acaba se deparando com a triste rotina de ter que retirar ficha e aguardar horas por atendimento. A maioria dos casos acaba no Hospital Pronto Socorro ou nas emergências dos hospitais, cada vez mais superlotadas.

Creche Tronquinho

A falta de creches e escolas infantis é outro problema na Vila Cruzeiro. A situação ficou ainda pior com o fechamento da Escola Municipal de educação Infantil Vila Tronco – a Tronquinho, como era conhecida. O prédio onde ela funcionava foi interditado devido a precariedade de suas condições. Em 2010, a deputada Manuela conseguiu a liberação de uma emenda de R$ 2 milhões para a reforma da Tronquinho. O recurso não foi aplicado pela Prefeitura sob a justificativa que a área não poderia ser utilizada. E desde então nada foi feito. A comunidade reivindica sua execução para que 120 crianças tenham onde ficar enquanto suas mães trabalham.

Espaço para projetos sociais

Outro problema é a falta de espaços adequados de lazer. Crianças e jovens brincam em praças sujas e com equipamentos precisando de manutenção. Outra reivindicação é por espaços para realização de projetos sociais e culturais. Como destacou a Elizabete, a musica, dança e o teatro são importantes para que os jovens não fiquem nas ruas e suscetíveis a violência e drogas.

Nova atitude

É preciso mudar e ter uma nova atitude do poder público para solucionar problemas como a limpeza das ruas, a coleta de lixo, a canalização e o tratamento de esgotos. Só assim é possível garantir melhores condições de vida para as pessoas, garantindo mais saúde e evitando a contaminação e proliferação de doenças.