Parlamentares prometem 40,5 mi para pesquisas na Antártica
Os 130 parlamentares da Frente de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar) prometeram agilizar, na Câmara e no Senado, a votação da medida provisória a ser editada pela Presidência da República destinando recursos emergenciais à Estação Comandante Ferraz. O dinheiro, calculado em R$ 40 milhões, servirá inicialmente para custear a remoção dos entulhos deixados pelo incêndio. A promessa foi feita na audiência realizada na noite desta quarta-feira (29) no Senado.
Publicado 01/03/2012 15:02
A deputada Jô Moraes (MG), vice-presidente da Frente Parlamentar Pró-Antártica, em discurso na tarde desta segunda-feira (27), em Plenário, fez ainda um apelo para que a Câmara reúna as Frentes Parlamentares Pró-Antártica e da Defesa Nacional para estabelecer uma campanha nacional de levantamento de recursos de, no mínimo, R$ 20 milhões, para ajudar na reconstrução da estação brasileira na Antártica.
Ela voltou a criticar a redução de R$ 7 milhões de investimentos na Missão Antártica no orçamento deste ano. Jô Moraes revelou que, na época, havia uma emenda individual, “mas, em nome de sabe-se lá o que, ela não foi aprovada, e hoje estamos com um orçamento de R$ 9,7 milhões”. Se comparado ao orçamento de 2010, de R$ 16,5 milhões, o orçamento deste ano para a Missão Antártica é inferior.
“Temos que compreender que a Estação Antártica Comandante Ferraz permite, há 30 anos, que o Brasil integre o Tratado de Madri; que o Brasil se incorpore às pesquisas mais avançadas; que o Brasil possa ser parceiro de uma região onde se estabelecem a paz e a ciência como grandes mestres de sua condução”, afirmou, ressaltando a importância do Proantar que, segundo ela, realiza diversas pesquisas científicas sobre as mudanças climáticas e os futuros impactos no território brasileiro.
Outras medidas
Além da urgência na aprovação da medida provisória, os parlamentares da frente também se comprometeram a destinar emendas individuais no Orçamento de 2013 para o Proantar, no valor de R$ 500 mil. Senadores e deputados querem ainda dar início a uma campanha de divulgação do Proantar para que a sociedade conheça o projeto e entenda sua importância.
O presidente da Frente Parlamentar, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), propôs também uma reunião dos parlamentares com representantes das Forças Armadas e do Ministério da Defesa, para definir a ajuda que senadores e deputados podem dar ao programa.
O contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), disse na audiência que o acidente que destruiu grande parte da Estação Comandante Ferraz não interrompeu completamente as pesquisas brasileiras na Antártica.
Trabalhos de recuperação
No último sábado (25), um incêndio na base brasileira matou dois militares, deixou um ferido e destruiu cerca de 70% da estação de pesquisas da Marinha. Marcos Ferreira informou que a perícia preliminar na estação apontou que houve um incêndio no gerador a diesel motivado por um curto-circuito. O militar assegurou que a estação contava com sistema de segurança, mas, por motivos que ainda estão sendo investigados, os alarmes não funcionaram.
O contra-almirante explicou que ainda não há estimativa do prejuízo em equipamentos e estudos. Porém, garantiu que a pesquisa na Antártica está somente reduzida, já que o Proantar não era desenvolvido exclusivamente na estação, mas também em navios de apoio e acampamentos de pesquisas em outros pontos do continente.
Sobre a recuperação da estação, o contra-almirante informou que, ainda antes do acidente, no ano passado, a Marinha já elaborara um relatório para construção de uma estrutura mais moderna. As novas instalações ajudariam a ampliar as áreas de exploração na região. Com o incêndio, a instalação deste novo complexo deve ocorrer em fases e inspirada nas estações da Coreia do Sul e da Espanha, as mais modernas instaladas na Antártica.
O trabalho será iniciado no Brasil, com a parte de projetos e organização do novo complexo, já que será preciso aguardar o próximo verão antártico, a partir de novembro, para que os pesquisadores possam retornar ao continente.
De Brasília
Com agências