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China vai às compras para saciar seu apetite por petróleo

Uma divisão da China National Petroleum Corp. fechou acordo para comprar uma grande fatia de uma jazida de gás de xisto no Canadá da Royal Dutch Shell PLC, o que amplia a presença de Pequim nos recursos energéticos da América do Norte, ao mesmo tempo em que duas empresas chinesas também fecham aquisições em energia nos Estados Unidos e Europa.

No ano passado, estatais chinesas começaram a comprar empresas menores inteiras, principalmente no Canadá. Na foto, um trabalhador chinês checa a válvula de um gasoduto na província de Sichuan.

Depois de entrar discretamente na América do Norte nos últimos anos, as petrolíferas chinesas ampliaram as aquisições no setor petrolífero num momento em que fontes exóticas — como as areias betuminosas e o gás de xisto — transformam o mercado norte-americano de energia.

A PetroChina Co., a filial listada em Hong Kong da CNPC, informou recentemente que adquiriu 20% do projeto de gás natural Groundbirch, controlado pela Shell, na Província de British Columbia, no nordeste do Canadá. Num comunicado, a estatal informou que espera ganhar com a Shell experiência na extração de gás de xisto. A

Shell informou que a aquisição é parte de um acordo de longo prazo de cooperação com a CNPC. Nenhuma das empresas divulgou os termos do negócio.

Separadamente, o fundo soberano China Investment Corp. adquiriu uma participação na administradora de ativos energéticos EIG Global Energy Partners, sediada em Washington. O CIC confirmou o acordo. Não foram divulgados valores. O diretor-presidente da EIG, R. Blair Thomas, disse numa entrevista ao The Wall Street Journal que a fatia adquirida pela CIC é menor que 10%.

A EIG surgiu nos últimos anos como um importante e astuto investidor no boom americano do gás natural. O CIC estava interessado no know-how da EIG em avaliar investimentos no setor petrolífero, disse Thomas. A fatia do CIC não tem direito de voto, acrescentou a EIG, informando também que o CIC já investe em alguns fundos administrados por ela.

E na Espanha, uma filial da China Nacional Offshore Oil Corp., também estatal, fechou um acordo com a empresa de capital fechado de equipamentos de energia solar Isofoton SA para criar uma joint-venture que desenvolverá projetos de energia solar na China, disse uma porta-voz da Isofoton. O capital inicial do investimento é avaliado em US$ 300 milhões e tem a meta de instalar 150 megawatts este ano, e a empresa chinesa fornecerá o financiamento, informou ela.

Empresas norte-americanas aperfeiçoaram nos últimos anos uma técnica para rachar formações sólidas de xisto por meio da injeção de água e químicos que liberam o gás e petróleo contidos nessas jazidas. A tecnologia impulsionou fortemente a oferta de gás e agora está sendo usada no mundo inteiro para explorar jazidas há muito consideradas impossíveis de alcançar.

Estimativas recentes do governo indicam que a China pode ter mais gás de xisto que os EUA. Para os concorrentes chineses do setor energético, a onda recente de aquisições e acordos tem mais a ver com obter acesso à tecnologia do que à própria commodity, disse Mark Gilman, analista de pesquisa da Benchmark Co. em Nova York.

"Eles estão tentando aprender o negócio, com base na visão de que ficarão numa posição melhor para avaliar e desenvolver recursos naturais parecidos na China", disse Gilman. É como se as empresas chinesas tivessem adquirido entradas para a primeira fileira do espetáculo do boom energético americano, pagando bilhões de dólares recentemente por fatias em projetos de petróleo e gás natural na América do Norte inteira.

Ao mesmo tempo, a oferta crescente de gás na América do Norte derrubou a cotação da commodity, o que tornou os ativos relativamente baratos para compradores como a PetroChina.

A China também investiu pesado na exploração de areias betuminosas no Canadá. As empresas extraem o betume da areia de quartzo num processo caro e que consome um alto volume de eletricidade, mais parecido com o das minas a céu aberto. Até recentemente, a China tinha limitado seu interesse no setor energético canadense a fatias de projetos ou parcerias.

Mas as empresas chinesas começaram no ano passado a comprar empresas inteiras, embora de pequeno porte. O Canadá, ansioso para atrair investimentos, até agora tem dado boas-vindas ao interesse asiático.

A China Petroleum & Chemical Corp, ou Sinopec, comprou em outubro a canadense Daylight Energy Ltd. por cerca de US$ 2,2 bilhões. A Daylight tem uma participação importante numa jazida próxima à da PetroChina e da Shell.

Fonte: WSJ Americas, traduzido e publicado pelo Valor