EUA adotam meta de inflação pela primeira vez na história
Pela primeira vez na história, os Estados Unidos adotarão uma meta para a inflação. O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, anunciou nesta quarta (25) que definiu um objetivo de inflação anual de 2%, taxa que deverá contribuir para que o país alcance o pleno emprego (quando a taxa de desemprego recua para o nível considerado “natural” para as características de determinada economia).
Publicado 25/01/2012 21:53
“Comunicar claramente este objetivo da inflação ao público vai contribuir para proteger com firmeza as expectativas de inflação de longo prazo e, dessa forma, encorajar a estabilidade de preços e das taxas de juro de longo prazo e melhorar a capacidade do comitê de promover o pleno emprego em períodos de perturbações econômicas consideráveis”, destaca o comunicado divulgado pela autoridade monetária dos Estados Unidos.
Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que o órgão está preparado para recomprar títulos suplementares nos mercados para apoiar, se for preciso, a recuperação da economia norte-americana. “Se a inflação for inferior [ao novo objetivo do Fed, de dois por cento] e a queda do desemprego demasiado lenta, então haverá argumentos a favor de medidas suplementares”, incluindo compra de títulos no mercado, declarou.
Ao recomprar títulos públicos, o Fed injeta dinheiro na economia, o que estimula a atividade produtiva. A compra e venda desses papéis cabe ao Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), gerido pelo Fed. A meta de inflação de 2%, no entanto, só será atingida em 2014. Os membros do Fomc estimam que o aumento de preços ficará entre 1,4% e 1,8% neste ano e entre 1,4% e 2% em 2013.
Com a adoção do regime de metas de inflação, o Fed passa a ter uma política praticada por outros importantes bancos centrais no mundo. No Brasil, esse sistema é adotado desde 1999. Até agora, o Fed considerava como desejável a inflação entre 1,7% e 2%, mas esses valores não eram definidos como o objetivo central da política monetária.
Os membros do Fomc consideram que o pleno emprego corresponde a uma taxa de desemprego situada entre 5,2% e 6%, ou seja, um nível de desemprego residual “bem mais elevado” do que era admitido antes da crise.
O Fomc prometeu ainda a manutenção de uma taxa de juros “excepcionalmente baixa”, pelo menos até o fim de 2014. De acordo com as novas previsões, a maioria dos dirigentes do Fed está a favor de uma taxa de juros entre 0% e 1% ao ano no final de 2014. No longo prazo, os membros da Fomc consideram desejável que os juros básicos norte-americanos estejam entre 4% e 4,5%.
O banco central norte-americano reduziu ainda a previsão de crescimento do país. O Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer de 2,2% a 2,7% em 2012, mais baixo que a estimativa anterior, entre 2,5% e 2,9%. Para 2013, as estimativas são de expansão de 2,8% a 3,2%, contra previsão de 3% a 3,5% divulgada em novembro.
Em relação ao desemprego, atualmente em 8,5%, o Fed acredita que a taxa encerrará 2012 entre 8,2% e 8,5%, ficando entre 7,4% e 8,1% no próximo ano.
Agência Brasil